São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Lupi diz que contestará na Justiça ataques a sua honra

Ministro afirma que decisão do presidente da Força, de processar jornais, não é do PDT

Pedetista diz que deixou comando da sigla para evitar constrangimento a Lula e que foi perseguido pela Comissão de Ética

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), afirmou ontem ter contratado um advogado para entrar na Justiça contra quem tiver atacado sua honra. Um dia após ter se licenciado da presidência do PDT, ele disse que o próprio partido e a AGU (Advocacia Geral da União) também irão atuar para processar possíveis ofensores, mas não detalhou quais seriam os potenciais alvos na Justiça.
A gestão de Lupi tem sofrido denúncias de favorecimento a ONGs (organizações não-governamentais) ligadas a políticos e dirigentes do PDT e da Força Sindical, cujo presidente é o pedetista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Por causa dessas denúncias, Paulinho ameaçou processar a Folha e "O Globo" em 20 Estados do país. Lupi afirmou que respeita a posição de Paulinho, mas que não agiria como ele. O ministro afirmou ainda que tem sido perseguido e que deixou a presidência do PDT na noite de anteontem para não constranger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de nunca ter sido cobrado por ele para tomar essa atitude.
A seguir, alguns trechos da entrevista concedida ontem pelo ministro na sede do governo do Piauí:

 

PERGUNTA - Paulinho, o presidente da Força Sindical, disse que vai entrar com várias ações contra a Folha e "O Globo". O que o sr. acha disso?
CARLOS LUPI -
Essa é a opinião dele. Eu acho que ele tem o direito, pela defesa de sua honra, de fazer o que quiser. Não posso cercear o direito dele de fazer as ações por se julgar ofendido. Eu não faria.

PERGUNTA - O sr. ou o PDT vão apoiar o Paulinho nessas ações?
LUPI -
Não, ele vai entrar como pessoa física ou como entidade sindical. O PDT não tem nada a ver com isso.

PERGUNTA - Uma das principais denúncias feitas contra a sua gestão é sobre convênios feitos com ONGs ligadas ao PDT. Como explicar isso?
LUPI -
Todas elas participaram de audiência pública, com licitação. A entidade tem que fazer um projeto para execução, e isso é assim em qualquer Estado. Eu não posso nem vetar nem privilegiar ninguém. Quem ganhar leva.

PERGUNTA - Licenciado da presidência do PDT, como será agora sua atuação no partido?
LUPI -
Continuo pedetista, com as mesmas idéias, com a mesma filosofia. Apenas estou licenciado para evitar que usem isso contra o presidente Lula, contra o ministério e contra o PDT. Considero que essa decisão [da Comissão de Ética] é antidemocrática, fere a Constituição. Sempre perguntei: por que só eu? Por que só o PDT? Acho que foi perseguição.

PERGUNTA - Lula pediu para o sr. deixar a presidência do PDT?
LUPI -
Em nenhum momento. Ao contrário. Saí por livre e espontânea vontade, ninguém me pediu. O partido me deu total apoio, o presidente me deu total apoio, estou saindo para evitar constrangimento.

PERGUNTA - O sr. pretende entrar na Justiça contra alguém?
LUPI -
Entrarei na Justiça contra tudo o que atingir a minha honra. Noticiário, não. Já tem três setores trabalhando nisso: o PDT, eu contratei um advogado pessoa física e a Advocacia Geral da União. Mas aquilo que atinja minha honra. Quando minha honra for atingida, onde ela for atingida, vou procurar as ações de ressarcimento de danos morais.


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