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Lupi diz que contestará na Justiça ataques a sua honra
Ministro afirma que decisão do presidente da Força, de processar jornais, não é do PDT
Pedetista diz que deixou comando da sigla para evitar constrangimento a Lula e que foi perseguido pela Comissão de Ética
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), afirmou ontem
ter contratado um advogado
para entrar na Justiça contra
quem tiver atacado sua honra.
Um dia após ter se licenciado
da presidência do PDT, ele disse que o próprio partido e a
AGU (Advocacia Geral da
União) também irão atuar para
processar possíveis ofensores,
mas não detalhou quais seriam
os potenciais alvos na Justiça.
A gestão de Lupi tem sofrido
denúncias de favorecimento a
ONGs (organizações não-governamentais) ligadas a políticos e dirigentes do PDT e da
Força Sindical, cujo presidente
é o pedetista Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho.
Por causa dessas denúncias,
Paulinho ameaçou processar a
Folha e "O Globo" em 20 Estados do país. Lupi afirmou que
respeita a posição de Paulinho,
mas que não agiria como ele.
O ministro afirmou ainda
que tem sido perseguido e que
deixou a presidência do PDT na
noite de anteontem para não
constranger o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, apesar de
nunca ter sido cobrado por ele
para tomar essa atitude.
A seguir, alguns trechos da
entrevista concedida ontem
pelo ministro na sede do governo do Piauí:
PERGUNTA - Paulinho, o presidente
da Força Sindical, disse que vai entrar com várias ações contra a Folha
e "O Globo". O que o sr. acha disso?
CARLOS LUPI - Essa é a opinião
dele. Eu acho que ele tem o direito, pela defesa de sua honra,
de fazer o que quiser. Não posso
cercear o direito dele de fazer
as ações por se julgar ofendido.
Eu não faria.
PERGUNTA - O sr. ou o PDT vão
apoiar o Paulinho nessas ações?
LUPI - Não, ele vai entrar como
pessoa física ou como entidade
sindical. O PDT não tem nada a
ver com isso.
PERGUNTA - Uma das principais denúncias feitas contra a sua gestão é
sobre convênios feitos com ONGs ligadas ao PDT. Como explicar isso?
LUPI - Todas elas participaram
de audiência pública, com licitação. A entidade tem que fazer
um projeto para execução, e isso é assim em qualquer Estado.
Eu não posso nem vetar nem
privilegiar ninguém. Quem ganhar leva.
PERGUNTA - Licenciado da presidência do PDT, como será agora sua
atuação no partido?
LUPI - Continuo pedetista, com
as mesmas idéias, com a mesma filosofia. Apenas estou licenciado para evitar que usem
isso contra o presidente Lula,
contra o ministério e contra o
PDT. Considero que essa decisão [da Comissão de Ética] é
antidemocrática, fere a Constituição. Sempre perguntei: por
que só eu? Por que só o PDT?
Acho que foi perseguição.
PERGUNTA - Lula pediu para o sr.
deixar a presidência do PDT?
LUPI - Em nenhum momento.
Ao contrário. Saí por livre e espontânea vontade, ninguém
me pediu. O partido me deu total apoio, o presidente me deu
total apoio, estou saindo para
evitar constrangimento.
PERGUNTA - O sr. pretende entrar
na Justiça contra alguém?
LUPI - Entrarei na Justiça contra tudo o que atingir a minha
honra. Noticiário, não. Já tem
três setores trabalhando nisso:
o PDT, eu contratei um advogado pessoa física e a Advocacia
Geral da União. Mas aquilo que
atinja minha honra. Quando
minha honra for atingida, onde
ela for atingida, vou procurar as
ações de ressarcimento de danos morais.
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