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Planalto paga pesquisa sobre trunfos eleitorais de Dilma
Estudos de R$ 2 mi medem popularidade de programas associados à ministra, como PAC
Relatórios apontam que população desconhece vitrines; PAC tem caráter abstrato e não foi alvo de publicidade, diz Secom
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto pagou
R$ 2 milhões por pesquisas que
aferem a popularidade de programas de governo e, em especial, de ações às quais a imagem
da pré-candidata petista, Dilma
Rousseff, está mais associada.
Relatórios traçados por um especialista em comportamento
eleitoral indicam "patamares
elevados de desconhecimento"
de vitrines do governo, como o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) e o pré-sal.
Os estudos foram iniciados
em 2009, sob encomenda da
Secretaria de Comunicação da
Presidência. Os resultados são
estratégicos para delinear a
plataforma eleitoral da ministra da Casa Civil. A Folha teve
acesso aos questionários e relatórios das pesquisas após reclamar formalmente o direito de
acesso a dados públicos.
"Eu diria que sempre é um
subsídio, é claro", afirmou o diretor-presidente do Instituto
Meta, Flávio Eduardo Silveira,
sobre a contribuição das pesquisas para a tática de Dilma.
O sociólogo avalia que falta
ao PAC uma identidade mais
próxima da população, como
ocorre no caso do programa
habitacional Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, também objeto das pesquisas. "Fica algo muito abstrato", disse.
Essa palavra é a mesma usada pelo secretário-executivo da
Secom, Ottoni Fernandes Júnior, ao tentar justificar o desconhecimento do PAC: "É um
programa que tem caráter abstrato e não estava no centro da
publicidade institucional".
A lembrança da propaganda
oficial do PAC foi considerada
"escassa" em relatório de pesquisa qualitativa de maio, que
recorreu a entrevistas mais
aprofundadas. Essa pesquisa
detectou "forte desconfiança",
principalmente entre os mais
ricos, em relação ao programa.
Programa eleitoreiro
Alguns participantes sugeriram que o PAC era eleitoreiro.
"De certa forma, ele está usando o PAC para eleger a Dilma",
relata o Instituto Meta, na única vez em que o nome da pré-candidata aparece nos questionários ou relatórios de análise.
O relatório de novembro diz
que, entre os que já tinham ouvido falar do programa (menos
de metade dos entrevistados),
mais de 70% não conhecem
suas obras. O dado "indicou a
manutenção de patamares elevados de desconhecimento".
Percentual semelhante da
população manifestou conhecer o programa que pretende financiar um milhão de moradias até o fim do ano para famílias com renda de até R$ 4.900.
O mais recente relatório diz
que a avaliação positiva do governo se concentra nas famílias
com renda de até dois salários
mínimos e nas regiões Norte e
Nordeste. A avaliação tanto de
Lula como do governo cai à medida em que aumenta a renda.
O motivo que mais pesou na
avaliação negativa foi a corrupção. O relatório de novembro
atribuiu o fato à crise no Senado, "em função do apoio público do presidente Lula a Sarney,
principal alvo das denúncias".
O responsável pelo levantamento arrisca palpites sobre a
candidatura Dilma e diz crer
em uma disputa acirrada. "Não
se sabe ao certo o teto do crescimento [de Dilma] e isso vai depender de vários fatores, como
a transferência de votos de Lula", disse Flávio Silveira.
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