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Aumenta apoio à pena de morte entre os brasileiros
55% são favoráveis à punição, aponta Datafolha; índice iguala recorde registrado em 93
Outros 40% são contra mudança na lei; na pesquisa anterior, feita em agosto do
ano passado, 51% apoiavam a instituição da pena capital
RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO
Pesquisa Datafolha mostra
que voltou ao maior índice histórico o apoio da população à
adoção da pena de morte no
Brasil. Entre os entrevistados,
55% se disseram favoráveis à
pena de morte, enquanto 40%
são contra a prática.
O levantamento foi feito nos
dias 19 e 20 de março. Na pesquisa anterior, feita em agosto
do ano passado, 51% eram favoráveis à adoção da pena de morte, e 42%, contrários.
O índice de apoio à punição
registrado agora iguala o de fevereiro de 1993 como maior
desde que o Datafolha começou
sua série de pesquisas sobre o
tema, em 1991.
O Datafolha havia mostrado
há duas semanas que a violência, com 31% das menções, superou o desemprego como
maior problema do país na opinião dos entrevistados.
Para o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, os dois
números não estão necessariamente interligados. "Esse
apoio majoritário à pena de
morte já é histórico. Neste momento cresceu um pouco, mas
não apenas porque cresceu a
percepção de violência. Entre
os que apontam a violência como principal problema, a taxa
de apoio à pena de morte é exatamente a mesma da média."
Desde 91, o Datafolha fez dez
pesquisas sondando a opinião
dos brasileiros sobre a pena de
morte. Em nenhuma delas, o
apoio à punição foi inferior a
48%, e sempre houve mais favoráveis do que contrários.
Para a pesquisadora Viviane
de Oliveira Cubas, do Núcleo de
Estudos da Violência da USP,
porém, "o momento é muito
significativo para o resultado".
Desde o assassinato do menino João Hélio Fernandes, em
fevereiro, aumentou a mobilização popular e a repercussão
na mídia do tema insegurança
pública. O Congresso pôs em
pauta um pacote de projetos de
alteração na legislação penal.
"Não só a agenda da mídia está dando mais atenção ao tema
mas também há a sensação de
insegurança das pessoas, que
têm contato com outras pessoas que sofreram violência.
Normalmente quando você faz
pesquisas em um momento de
crise, os resultados despontam", afirma Cubas.
O professor de filosofia Renato Janine Ribeiro, da USP,
que escreveu polêmico artigo
para a Folha em que dizia que
o caso João Hélio o fazia repensar a punição a assassinos, não
quis comentar o resultado da
pesquisa. "Tenho razões suficientes para ser contra a pena
de morte", limitou-se a dizer.
Divisão por renda
Um dado que chama atenção
é que o apoio à pena de morte é
maior entre os entrevistados
com renda familiar superior a
dez salários mínimos mensais:
64%, 13 pontos a mais que em
agosto. O menor índice está entre os que ganham até dois salários mínimos: 52%.
Para o deputado Fernando
Gabeira (PV-RJ), para quem "a
deterioração da segurança pública" explica o apoio maciço à
pena de morte, a diferença pode ser explicada pelo fato de os
mais ricos temerem mais a violência, enquanto outra parte da
população "pode se sentir mais
ameaçada por erros jurídicos".
A pesquisa mostra também o
crescimento ao ap oio à pena de
morte no Rio de Janeiro. Em
maio de 2006, eram 38% os favoráveis à punição no Estado. O
índice subiu para 45% em agosto e chegou a 51% agora. É igual
ao de Minas Gerais, mas menor
que os 57% de São Paulo.
Por região, o Sul tem o maior
índice pró-adoção da pena:
66% são favoráveis, contra 57%
no Norte e Centro-Oeste, 54%
no Sudeste e 48% no Nordeste.
O Datafolha ouviu 5.700 pessoas em 25 Unidades da Federação. A margem de erro é de
dois pontos percentuais.
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