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Maioria defende que lei sobre aborto não seja ampliada
Para 65%, legislação sobre o tema deve ficar como é atualmente; índice é recorde e vem crescendo constantemente desde 1993
Hoje, só 16% dizem que o aborto deve ser permitido em mais situações, além de estupro e risco de morte para a mãe, como diz a lei atual
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Enquanto o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defende a realização de um plebiscito sobre a legalização do
aborto, a maioria dos brasileiros se diz contra a mudança da
lei atual, que só permite a interrupção da gravidez em casos de
estupro e de risco de morte para a mãe. É o que mostra a mais
recente pesquisa Datafolha.
Segundo o levantamento realizado nos dias 19 e 20 de março, 65% dos entrevistados defendem que a legislação sobre
aborto continue como está,
sem ampliação. O índice é o
maior já verificado desde quando a pesquisa começou a ser feita, em 1993. Desde então, o percentual dos favoráveis a deixar
a lei como está tem crescido
constantemente.
Há 14 anos, 23% dos brasileiros achavam que a interrupção
da gravidez deveria ser permitida em mais situações além de
estupro e risco de morte para a
mãe. Hoje, 16% dizem isso.
No dia 28, o ministro Temporão defendeu que um plebiscito
fosse realizado sobre a legalização do aborto. A mesma consulta foi feita em Portugal em fevereiro e culminou na aprovação
da interrupção voluntária da
gravidez até a décima semana.
A última pesquisa mostra
que homens e mulheres têm
opiniões quase iguais sobre o
tema. Entre os homens, 64%
são a favor de a lei continuar como está, pensamento de 66%
das mulheres -a diferença está
dentro da margem de erro de
dois pontos percentuais.
Na opinião de Jacira Melo,
do Instituto Patrícia Galvão,
ONG que desenvolve projetos
sobre direitos da mulher, a pesquisa evidencia que os brasileiros ainda não têm a dimensão
do "aborto inseguro", praticado
de forma ilegal longe dos cuidados médicos. "A pesquisa mostra a necessidade de um debate
amplo e sério sobre a legalidade
total do aborto", diz ela.
Na Câmara, a discussão deve
ser reiniciada na Comissão de
Seguridade Social e Família. No
último dia 3, foi desarquivado
um dos projetos mais polêmicos sobre descriminalização do
aborto, o 1135, de 1991.
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