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Gestão Arruda desviou R$ 1 mi do Bolsa Família, afirma CGU
Segundo auditoria, verba para administrar o programa foi usada para construir cercas
Valor equivale a 60% do total repassado ao Bolsa Família no DF desde 2008; governo distrital não quis comentar relatório da CGU
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo de José Roberto
Arruda (sem partido) desviou
R$ 1 milhão do principal programa social da gestão Lula, o
Bolsa Família, segundo auditoria do governo federal.
Entre 2008 e 2009, o Ministério do Desenvolvimento Social repassou R$ 1,4 milhão para que o DF administrasse o
programa em seu território,
mas ao menos R$ 1 milhão foi
usado para construir cercas e
alambrados da Secretaria de
Desenvolvimento Social.
O valor é suficiente para beneficiar quase mil famílias por
um ano e, pelas regras do ministério, ele não poderia ser
usado para construir cercas.
O desvio foi apontado em auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União). Segundo o órgão, a verba era para financiar o
acompanhamento, o cadastro e
a fiscalização das famílias beneficiadas pelo programa.
"Detectamos a aquisição de
alambrados para cercar as unidades da secretaria, desvirtuando a finalidade do programa que consiste no apoio à gestão de Bolsa Família", informa
o relatório da CGU.
O DF tem 71 mil famílias cadastradas no programa -quase
280 mil pessoas ou 10% da população. Em média, o Ministério do Desenvolvimento Social
distribui mensalmente R$ 5,8
milhões em benefícios do Bolsa
Família na região.
Desde 2008, o governo do DF
recebeu do ministério R$ 1,7
milhão para administrar o programa. Foi desse montante
que, segundo a CGU, que foi retirado o dinheiro para construir cercas. Ou seja, quase 60%
da verba foi desviada.
No mesmo período, a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF teve um orçamento
disponível de R$ 683 milhões.
De acordo com a CGU, as irregularidades não foram detectadas apenas na compra de
alambrados. A Secretaria de
Desenvolvimento Social também teria escolhido a proposta
mais cara para a construção das
cercas, com valor até 64% acima do preço mais barato oferecido na negociação.
A CGU aponta indícios de irregularidades também na instalação dos alambrados, que
não foram colocados em lugares previstos.
O órgão pediu esclarecimentos à Secretaria de Desenvolvimento Social do DF, mas não
obteve resposta. A CGU quer
que o governo do DF devolva
R$ 1 milhão à União.
A auditoria faz parte da devassa da CGU nos repasses da
União para o governo de Arruda, cassado por infidelidade
partidária e preso por atrapalhar investigações do mensalão
do DEM. O órgão suspeita de
desvios de até R$ 106 milhões.
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