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REFORMA MINISTERIAL
Ministro da Previdência defende cobrança de impostos, que representam R$ 2,5 bilhões aos cofres
Ornélas quer taxar entidade filantrópica
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O novo ministro da Previdência Social, Waldeck Ornélas,
defendeu o pagamento de
contribuições
sociais por parte
das entidades filantrópicas, que hoje estão isentas.
"Há um certo consenso de que a
filantropia precisa diminuir no
Brasil, mesmo em ano eleitoral",
disse ele, após assumir o cargo.
A isenção custa cerca de R$ 2,5
bilhões por ano aos cofres públicos -dinheiro equivalente à metade do rombo previsto para as
contas da Previdência em 1998 (de
R$ 5 bilhões), maior do que o de
97.
Atualmente, há 5.279 entidades
filantrópicas no país. Só na Bahia,
Estado do ministro, são 142.
Seu antecessor, o também pefelista Reinhold Stephanes, não conseguiu levar adiante o projeto de
cobrar contribuições de entidades
que detêm títulos de filantrópicas.
Em novembro de 97, o Ministério da Fazenda se opôs à inclusão
da medida no pacote fiscal baixado após a crise asiática, por considerá-la politicamente inoportuna.
O rombo nas contas da Previdência é o principal desafio do ministro. "A Previdência sangra o
Tesouro, agravando o déficit público", disse Ornélas, emendando
um apelo aos deputados para que
aprovem logo a emenda constitucional em debate há três anos.
Emperrada na metade do primeiro turno, a votação da emenda
na Câmara é considerada difícil
pelos líderes governistas. Ornélas
insiste em ver a emenda promulgada no primeiro semestre, antes
do início da campanha eleitoral.
Ele disse que não pretende abrir
mão de nenhum dos pontos polêmicos da proposta, como a idade
mínima para aposentadoria de 55
anos para mulheres e 60 anos para
homens e o redutor de até 30% no
valor das aposentadorias dos funcionários públicos.
Segundo o ministro, a aprovação
rápida da reforma é um requisito
fundamental para o aumento real
do salário mínimo em maio. "Os
cofres estão deficitários,mesmo
sem o aumento do mínimo. Com o
aumento e sem a reforma, eles ficariam ainda piores", disse.
Ornélas avalia que os atritos provocados nos partidos aliados ao
governo na reforma ministerial
não irão comprometer a reforma
das aposentadorias. "Não existem
arranhões políticos. O presidente
montou a melhor equipe que seria
possível nesse momento", disse.
Entre os primeiros compromissos, a agenda de Ornélas registrava
um encontro com o economista
André Lara Resende, assessor especial do presidente Fernando
Henrique Cardoso, encarregado
de preparar a segunda etapa da reforma da Previdência.
Nessa segunda etapa, o governo
estuda a adoção da previdência
complementar privada para um
número maior de trabalhadores.
O modelo já funciona na Argentina e no Uruguai.
Waldeck Ornélas deverá manter
a atual equipe do ministério. Ontem, ele confirmou no cargo o secretário-executivo, José Chechin.
Colaborou
Vivaldo de Sousa, da Sucursal de
Brasília
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