|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTAS PÚBLICAS
Governo erra e novo valor de rombo de União, Estados e municípios sobe a R$ 7,4 bi, sem contar juros
Recálculo aponta déficit ainda maior em 97
da Sucursal de Brasília
As contas públicas abriram 98
com piora em diversos resultados.
Além disso, o governo descobriu
um erro nos números do ano passado. Novos cálculos apontam que
o governo federal, ao contrário do
anunciado antes, registrou déficit
em 97, mesmo sem contar os gastos com juros da dívida.
Segundo os dados divulgados
ontem pelo Banco Central, União,
Estados, municípios e estatais gastaram R$ 7,421 bilhões -0,83%
do Produto Interno Bruto- acima de suas receitas no período de
12 meses encerrado em janeiro,
sem contar as despesas com juros.
Com os gastos governamentais
com juros, o déficit no período sobe para R$ 55,417 bilhões, ou
6,18% do PIB.
O ano passado começou com
números menos ruins: em janeiro,
havia um superávit primário (sem
contar os gastos com juros) de
0,15% do PIB e um déficit nominal
(com os juros) de 5,51% do PIB,
contando períodos de 12 meses.
Os números revisados de 97 são
piores do que os anunciados anteriormente pelo governo -e que já
eram considerados alarmantes.
Em vez de um resultado primário igual a zero, a União teve, na
verdade, um déficit de R$ 2,121 bilhões em 97, ou 0,24% do PIB.
Esse resultado elevou o déficit
primário de todo o setor público
de 0,67% para 0,94% do PIB em
97. Já o déficit nominal, que leva
em conta os juros, passou de
5,89% para 6,12% do PIB.
Os dados mostram que houve
uma pequena melhora no déficit
primário de dezembro para janeiro, que pode ser atribuída aos efeitos do pacote de alta de impostos e
tarifas editado no final de 97.
Essa melhora é muito inferior ao
resultado prometido pelo governo, que chegou a falar em superávit de 2,5% do PIB neste ano.
É o déficit primário que mostra
com mais clareza o esforço dos governos na contenção de suas despesas, uma vez que as despesas
com juros são inevitáveis.
Os números, apresentados pelo
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, deixam
claro também que o governo, que
culpa os Estados pelo déficit, é o
que mais apresenta problemas. No
final do governo Itamar, por
exemplo, a União apresentava superávit primário de 3,05% do PIB.
Em fevereiro, quando foram divulgados os dados de 97, houve divergências entre os cálculos do Tesouro, mais favoráveis, e os do BC.
Após discussões internas, chegou-se à conclusão de que o BC estava certo. Não estava.
Pelas explicações apresentadas
ontem, foi descoberto um erro: R$
1,5 bilhão em títulos federais haviam sido contabilizados erroneamente como já resgatados. Os resultados apontam que, pelo conceito nominal, o mais relevante, o
déficit acumulado em 12 meses
piorou de dezembro para janeiro.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|