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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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NO AR

Fora de controle

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

De manhã, na CBN, a situação era de "descontrole".
À tarde, para o Jornal Nacional, a situação continuava "fora de controle", mas isso "desde 11 de setembro do ano passado" -desde o breve governo Benedita da Silva.
Era Garotinho, o secretário de Segurança que gosta de ameaçar com humilhação de presos e outras construções retóricas sensacionalistas. Ele que não controla o que diz e depois culpa os outros.
Na ironia da manchete de Boris Casoy, na Record, "Garotinho fala em descontrole na segurança pública e depois tenta se explicar".
Sem sucesso. O que ficou do descontrole verbal foi a afirmação do enfraquecimento do Estado, no Rio.
Uma afirmação com a qual a governadora Rosinha tratou imediatamente de concordar, ainda na CBN.
A fala de Garotinho veio na sequência dos novos ataques, explorados ao limite por Brasil Urgente e Cidade Alerta. Deste último:
- Tiroteio na avenida Brasil! Não é Bagdá. Aconteceu no Rio de Janeiro.
E tome o som repetitivo de tiros. Explorados também nos telejornais da Globo:
- Mais um tiroteio no Rio. Resultado: três das principais vias expressas, a avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela, ficaram fechadas.
E, é claro:
- Mais uma universidade fechou as portas.
Daí o "descontrole", depois creditado aos petistas. Como se, para os motoristas e estudantes apavorados, fizesse qualquer diferença.
 
Alexandre Garcia voltou e já foi justificando o arrocho sobre os "radicais":
- O PT precisava mostrar que não vai brincar em serviço, porque se hoje os dissidentes são quatro, amanhã eles poderiam ser oito.
"Poderiam", não. Já estão quase lá. Tem João Fontes e tem sobretudo Paulo Paim, vice-presidente do Senado, que armou evento para surgir ao lado da emocionada Heloísa Helena nos telejornais.
Os "radicais" já não três ou quatro. Tem até os quase "radicais", de parlamentares como Walter Pinheiro, que buscam um desvio: deixar a taxação dos inativos para decisão isolada dos governadores.
Foi com tal ruído ao fundo que o presidente da Câmara dos Deputados, o petista João Paulo, surgiu em cadeia de TV para tentar defender a reforma da Previdência.
A oposição do PT é o PT.


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