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NO AR
Fora de controle
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
De manhã, na CBN, a situação era de "descontrole".
À tarde, para o Jornal Nacional, a situação continuava "fora
de controle", mas isso "desde 11
de setembro do ano passado"
-desde o breve governo Benedita da Silva.
Era Garotinho, o secretário de
Segurança que gosta de ameaçar com humilhação de presos e
outras construções retóricas
sensacionalistas. Ele que não
controla o que diz e depois culpa
os outros.
Na ironia da manchete de Boris Casoy, na Record, "Garotinho fala em descontrole na segurança pública e depois tenta
se explicar".
Sem sucesso. O que ficou do
descontrole verbal foi a afirmação do enfraquecimento do Estado, no Rio.
Uma afirmação com a qual a
governadora Rosinha tratou
imediatamente de concordar,
ainda na CBN.
A fala de Garotinho veio na
sequência dos novos ataques,
explorados ao limite por Brasil
Urgente e Cidade Alerta. Deste
último:
- Tiroteio na avenida Brasil!
Não é Bagdá. Aconteceu no Rio
de Janeiro.
E tome o som repetitivo de tiros. Explorados também nos telejornais da Globo:
- Mais um tiroteio no Rio.
Resultado: três das principais
vias expressas, a avenida Brasil
e as linhas Vermelha e Amarela,
ficaram fechadas.
E, é claro:
- Mais uma universidade fechou as portas.
Daí o "descontrole", depois
creditado aos petistas. Como se,
para os motoristas e estudantes
apavorados, fizesse qualquer diferença.
Alexandre Garcia voltou e já
foi justificando o arrocho sobre
os "radicais":
- O PT precisava mostrar
que não vai brincar em serviço,
porque se hoje os dissidentes são
quatro, amanhã eles poderiam
ser oito.
"Poderiam", não. Já estão
quase lá. Tem João Fontes e tem
sobretudo Paulo Paim, vice-presidente do Senado, que armou
evento para surgir ao lado da
emocionada Heloísa Helena nos
telejornais.
Os "radicais" já não três ou
quatro. Tem até os quase "radicais", de parlamentares como
Walter Pinheiro, que buscam
um desvio: deixar a taxação dos
inativos para decisão isolada
dos governadores.
Foi com tal ruído ao fundo
que o presidente da Câmara dos
Deputados, o petista João Paulo,
surgiu em cadeia de TV para
tentar defender a reforma da
Previdência.
A oposição do PT é o PT.
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