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INVESTIGAÇÃO
Extratos da Suíça mostram que numa única data foram movimentados US$ 200 mi; ex-prefeito questiona documento
Conta tem assinatura atribuída a Maluf
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Documentos exibidos ontem
pelo "Jornal Nacional", da Rede
Globo, mostram a assinatura do
ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP)
como beneficiário de uma conta
corrente na Suíça e dão sinais de
que outras contas podem existir.
O programa exibiu um cartão
de abertura da conta no qual
consta a rubrica atribuída a Maluf. Essa conta, que tem o ex-prefeito como beneficiário, foi aberta
em 5 de julho de 1985, no Citibank
de Genebra, na Suíça. A conta tinha o nome de Blue Diamond,
que em junho de 1994 foi alterado
para Red Ruby.
De acordo com o cartão de assinatura, o ex-prefeito tinha poder
para movimentar a conta sozinho, uma vez que podia assinar
sem a necessidade da rubrica de
outra pessoa.
O ex-prefeito manteve essa conta até janeiro de 1997. Depois, os
recursos foram transferidos para
Jersey, paraíso fiscal no canal da
Mancha, onde estão bloqueados
pela Justiça.
Os documentos demonstram
que somente em uma única data a
conta recebeu US$ 200 milhões
em depósitos. Em 31 de março de
1995, por exemplo, também de
uma única vez, foram movimentados US$ 117 milhões. Na ocasião, a conta tinha um saldo de
US$ 154 milhões. Outros US$ 37
milhões também foram retirados,
e o extrato do Citibank naquela
data deu como resultado final um
saldo de US$ 10 mil.
Na edição de 10 de junho de
2001, a Folha revelou que as autoridades de Jersey haviam bloqueado cerca de US$ 200 milhões
em contas que tinham como titulares ou detentores de direitos o
ex-prefeito, sua mulher, Sylvia
Maluf, seu filho Flávio Maluf, e
sua nora Jacqueline Maluf (mulher de Flávio).
Em entrevista à Folha ontem à
noite, Maluf disse que não tem
conta na Suíça e que não se lembra de ter assinado um documento de abertura de conta.
A assessoria de imprensa do ex-prefeito também divulgou nota
na qual volta a negar que tenha recursos depositados fora do país.
"Paulo Maluf não figura como titular de quaisquer das contas
compreendidas pela decisão de
bloqueio exarada em 13 de junho
de 2003", diz a nota.
A reportagem aponta a possibilidade de existência de outras
contas. Segundo a notícia, em 3 de
março de 1989 um consultor financeiro chamado Gunther
Woernle informa ao Citibank de
Genebra que recebeu ordens para
abrir uma sub-conta, no valor de
US$ 375 mil, em nome "do filho
Flávio".
"O titular me deu ordem para
abrir uma sub-conta com US$ 375
mil em nome do filho dele, Flávio.
Essa ordem me foi dada verbalmente, na casa dele, na presença
de sua mulher e de seu filho", afirma Woernle, em inglês, num dos
documentos exibidos.
Autoridades do governo federal
brasileiro, em conversas reservadas com a Folha, afirmaram que
os documentos revelados ontem
são autênticos. Dizem, no entanto, estarem preocupadas com o
vazamento dos papéis, pois havia
uma cláusula de confiabilidade
com os suíços.
Detalhe: os documentos estavam marcados. O governo brasileiro acredita que nos próximos
dias será possível descobrir os responsáveis pelo vazamento.
Os extratos revelam que a maior
movimentação financeira foi em
95. Maluf foi prefeito de São Paulo
de 93 a 96. Para o Ministério Público, os recursos depositados nas
contas são fruto de superfaturamento de obras, especialmente da
avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Água Espraiada).
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