São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Baixas reduziram reservas para um terço, dizem hotéis

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Cúpula América do Sul -Países Árabes está mobilizando um enorme aparato de segurança em Brasília, mas, se depender das reservas hoteleiras, não será preciso tanto. Na sexta, segundo a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, as reservas confirmadas resumiam-se a um terço das 3.000 previstas inicialmente.
"Penso que a conferência está perdendo densidade", disse o vice-presidente da associação, Hélder Carneiro.
Entre as baixas mais recentes está a do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdallah. O hotel Kubitschek Plaza, um dos 12 selecionados para receber as comitivas, registrou o cancelamento da reserva solicitada para 120 apartamentos. Em lugar de Abdallah, o expoente entre os visitantes sauditas será um ministro de Estado. Um funcionário da Embaixada da Arábia Saudita disse à Folha por que o príncipe herdeiro não virá: "Faltou suíte real".
Ainda assim, equipes de segurança trabalham desde a semana passada como se Brasília fosse receber os 33 chefes de Estado ou de governo convidados. Coordenados pelo Comando Militar do Planalto, 9.000 homens do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e das polícias Federal, Rodoviária, Militar e Civil do DF farão a segurança das autoridades desde a Base Militar ou o Aeroporto Nacional de Brasília.
As vias expressas serão parcialmente interditadas sempre que os dignitários se deslocarem dos hotéis para o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Batedores da Polícia Rodoviária Federal acompanharão os traslados, o Detran fechará as vias e a PF -sempre com ao menos dez policiais por autoridade estrangeira- vai se distribuir pelos comboios.
Nos hotéis, os andares que abrigarem autoridades serão fechados e contarão com segurança 24 horas por dia.
Os eventos oficiais terão agentes de inteligência da PF e das Forças Armadas. Serão como sensores: à paisana, identificarão possíveis focos de crise. A Aeronáutica fechará o espaço aéreo sobre o Plano Piloto quase que integralmente.
Na sexta, uma equipe contratada pelo Ministério do Turismo concluiu, com o hotel Carlton, seminários destinados a familiarizar a rede hoteleira com os costumes árabes.
Os professores Tatiana Vidal (brasileira) e Alan Simpson (inglês), que trabalham e vivem em Dubai, ensinaram aos funcionários dos hotéis que:
1) mulher estender a mão para cumprimentar um homem nem pensar;
2) é proibido oferecer álcool, o que inclui, por exemplo, colocar vinho no molho de carne;
3) nunca se deve ficar olhando quando homens passarem com os dedos mínimos entrelaçados. É costume árabe.
Está previsto para o final de semana o acabamento de salas de rezas nos hotéis. Nesses locais, haverá a sinalização da direção em que fica Meca, cidade sagrada para a qual os muçulmanos devem estar voltados em suas cinco orações diárias.


Texto Anterior: Oriente Próximo: Aliados dos EUA rejeitam a cúpula árabe
Próximo Texto: Encontro é visto como chance para negócios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.