São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2006

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PAINEL

Porta entreaberta
Para Roberto Jefferson, a entrevista de Silvio Pereira foi um "grito de alerta" lançado pelo ex-secretário-geral do PT ao partido e ao governo. "Ele pediu a mão. E o Berzoini deu um chute na cara dele", diz o homem que denunciou o mensalão.

Contradições
Dos EUA, onde passa uns dias com a família, Jefferson considerou Silvinho "abandonado, ameaçado e confuso". "Num trecho ele admite que tinha de arranjar cargos para 8.000 pessoas. Em seguida, diz que eu inventei que era ele o gerente da distribuição."

Elementar
Por fim, Jefferson acha que Silvinho não tirou do nada o medo de morrer. "Se ele diz que vão matá-lo é porque já ouviu isso de alguém".

Fica frio
O monitoramento recente do PT e do governo indicava Silvinho sob relativo controle. Emissários checavam periodicamente o estado de espírito do ex-secretário-geral e haviam lhe prometido um emprego.

E eu?
Foi o Encontro Nacional do PT, há uma semana, que tirou Silvinho do sério. Ele não se conformou em ficar de fora do resgate de anjos caídos promovido por Lula no evento.

Só eu?
Antes disso, o braço direito de José Dirceu já se torturava com relatos das reuniões da nova cúpula petista. Contaram-lhe que, nesses encontros, foi chamado mais de uma vez de "corrupto" pelo assessor presidencial Marco Aurélio Garcia.

Primeira vítima
Entre mortos e feridos pela entrevista, petistas computam José Genoino na primeira categoria. Sua eleição para a Câmara, que já era considerada a mais difícil da turma do mensalão, entrou no terreno da improbabilidade.

Juras de amor
Aliados de Aloizio Mercadante e de Marta Suplicy ensaiavam ontem a coreografia do apoio do derrotado ao vencedor das prévias do PT. Devem fazer entrevista conjunta e a tradicional foto de braços erguidos nas primeiras horas após o resultado.

Virando a página
No anúncio do "casamento" Marta-Mercadante, o combinado é que a artilharia se volte para o tucano José Serra, sem remoer mágoas antigas.

Olho mecânico
A vantagem de Marta sobre Mercadante na capital foi menor que a esperada pelos dois grupos. Na Grande São Paulo, aliados do senador contavam com uma dianteira também modesta, de cerca de 4 mil votos.

PT saudações
Mercadante, que contava com o voto de Lula, foi questionado se o presidente participaria das prévias: "Acho que não. Pelas fotos que eu vi, lá em Minas parece estar melhor que aqui".

Questão de prioridade
Um aliado diz ter ouvido o seguinte de Lula recentemente, ao defender que Eduardo Suplicy saia candidato a deputado federal para abrir espaço ao Senado para Orestes Quércia: "O que nos adianta eleger 50 senadores e perder a Presidência?"

Deixa rolar
A Petrobras se queixa de ter dado vários avisos ao governo de que estava prestes a estourar o problema com o gás na Bolívia e sempre ter recebido, em troca, orientação para não agir.

Deu no que deu
O discurso do Planalto e do Itamaraty era sempre que tinham "informações" de que, caso Evo Morales resolvesse nacionalizar a exploração de gás, a estatal brasileira teria "tratamento diferenciado".

TIROTEIO

Do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre a entrevista de Silvio Pereira:
-É errada a avaliação de que Silvinho isentou Lula. É a primeira vez que alguém de dentro aponta o presidente como parte do grupo que tomava as decisões. E diz que recebeu do próprio Lula a missão de cuidar dos cargos para os aliados.

CONTRAPONTO

Eu bebo sim

Em 1988, quando foram realizadas eleições para prefeito em todo o país, um jovem juiz eleitoral de Araranguá, interior de Santa Catarina, acompanhava de perto todos os fatos para evitar qualquer transgressão às regras eleitorais. Tratava-se de Jorge Maurique, que atualmente comanda a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).
No dia da votação, ele recebeu a denúncia de que um eleitor estava bêbado numa das seções.
Acompanhado de um policial, Maurique foi até o local onde estava o acusado de contrariar a chamada "Lei Seca".
Sem meias-palavras, cobrou o eleitor de forma enérgica:
- Me diga onde é que tu conseguiu a bebida.
Totalmente embriagado, o homem olhou para o juiz, olhou para a garrafa pausadamente e finalmente respondeu:
-Pra mim eu já arrumei. Tu que te vires, pois eu não conto.


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