São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2006

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MENSALÃO/ ARQUIVO VIVO

Senador não quis revelar se seu voto foi da ex-mulher, Marta, ou de Mercadante

Para Suplicy, Lula deve ir ao Congresso se explicar

DA REPORTAGEM LOCAL

No meio do caminho tinha Eduardo Suplicy. O senador petista, 65, deu nova demonstração ontem de por que é considerado a pedra no sapato do partido.
Enquanto a cúpula do PT passou as últimas 48 horas tentando minimizar o impacto da entrevista do ex-secretário-geral Silvio Pereira ao jornal "O Globo", Suplicy defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareça ao Congresso, espontaneamente, para prestar esclarecimentos sobre a crise política.
Sugeriu, ainda, que a atual direção nacional do PT dê a "Silvinho" oportunidade de dizer o que sabe, em detalhes, sobre as ligações de ex-dirigentes partidários com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Na entrevista, Silvio disse que procurou a atual direção do PT por duas vezes para contar tudo o que sabe.
"Acho natural que o presidente faça um pronunciamento e explique as coisas como elas são. Eu já fiz essa sugestão. Ele [Lula] não achou tão boa", declarou Suplicy ontem, ao votar na prévia do PT para escolha do candidato ao governo de São Paulo.
Suplicy confirmou que aconselhou Silvio Pereira, antes do depoimento dele à CPI dos Correios, a dizer toda a verdade sobre a Land Rover que havia recebido de presente do empresário César Roberto Santos Oliveira, da empresa GDK, prestadora de serviços à Petrobras. Para o senador, o partido não pode ignorar o ex-secretário-geral: "Nós do PT precisamos estar atentos a tudo o que disse Silvio Pereira".
Em maio passado, em plena crise política, Suplicy anunciou que assinaria o requerimento para a criação da CPI dos Correios. Antes, em reunião da bancada do PT no Senado, submeteu-se à decisão da maioria de não assinar a CPI.
O episódio irritou toda a bancada e a direção do PT. Desde então, teme ser rifado pelo partido e perder a vaga de candidato à reeleição ao Senado para Orestes Quércia (PMDB), numa eventual aliança entre as legendas. A hipótese, no entanto, é remota devido à popularidade do senador.
"O Suplicy é um patrimônio do partido", disse ontem o senador Aloizio Mercadante, adversário de Marta Suplicy nas prévias. A ex-prefeita promete fazer campanha para o ex-marido, independente do resultado da prévia.
Em situação delicada, Suplicy evitou declarar o voto. Disse que preferiu se manter "eqüidistante". "É uma decisão pessoal, extremamente difícil", disse.
(MALU DELGADO)


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