|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Sem palavras
Apenas os casos de palavra desonrada neste ano já produzem quatro atitudes simultâneas de represália
A CARACTERÍSTICA fundamental da presidência Lula e do
conjunto de seu governo -o
descumprimento da palavra empenhada- começa, enfim, a receber alguma reação. Só os casos de palavra
desonrada neste ano já produzem
quatro atitudes coletivas e simultâneas de represália, entre as quais a
prepotência impede de estarem os
controladores de vôo que receberam de Lula, por intermédio de dois
ministros, garantias logo renegadas.
O compromisso assumido por Lula em pessoa, com 3.000 prefeitos,
de conduzir o aumento do Fundo de
Participação dos Municípios foi sustado pelo PT e seus aliados na Câmara, por ordem do governo. Trata-se de minúsculo 1% que representa
uma fortuna no cofre anêmico de
milhares de municípios, em possível
benefício de milhões de cidadãos. A
emenda nesse sentido espera por
sua votação há dois anos e meio, desde de dezembro de 2004. A oposição, neste caso, resolveu mostrar alguma ação oposicionista, embora,
não esqueçamos, empurrada pelos
prefeitos. O assunto estará aceso
nesta semana.
Delegados e agentes da Polícia Federal reagem, com greves brancas
que prejudicam a população, ao descumprimento do acordo feito pelo
governo, por intermédio do ministro Paulo Bernardo, para revisão dos
níveis de vencimento.
Funcionários da Receita Federal
pararam há dias, por motivo semelhante. E agora se anuncia a greve,
na próxima semana, em todas as entidades que integram o Ministério
da Cultura, porque o governo não
cumpriu o acordo para introdução
de um plano de carreira e ajuste nos
vencimentos.
Não faz muito tempo, dizia-se que
palavra é honra.
Ainda é
Um reconhecimento ninguém
pode negar a Evo Morales: suas decisões, inclusive as que causam chiliques no Brasil, cumprem a palavra dada em sua campanha presidencial. Só quem está habituado e
curvado a candidatos farsantes e
eleitos travestidos não acreditou, e
agora toma como desafio e abuso, a
realização boliviana do que foi verbalmente antecipado com toda a
clareza.
As inverdades, na divergência
com a Bolívia, estão do lado de cá,
nas afirmações de que "está tudo
resolvido", a cada passo de Evo Morales na direção de seus compromissos com os bolivianos.
Em tempo
As empresas que compõem a Associação Nacional de Jornais prestaram homenagem a si mesmas, semana passada, no Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa, definido
como "dia de alerta para que isso
não volte a acontecer". O "isso" estava em seis fotos que dividiam
meia página: Hitler, Stalin, Pinochet, Mao, Mussolini e Franco.
Dois deles foram apoiados pelos
meios de comunicação brasileiros
contemporâneos de sua ascensão e
poder: Franco e Pinochet.
Tomara que isso não volte a
acontecer com os meios de comunicação brasileiros.
Texto Anterior: Foco: Governo do DF gasta R$ 620 mil para afastar trânsito do Alvorada Próximo Texto: Lula quer que papa divulgue Bolsa Família Índice
|