São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Dossiê 2.0

Dilma Rousseff aproveitou o passeio em que se transformou sua ida ao Senado para tentar aparar arestas entre as versões do governo sobre a feitura do dossiê. Insistiu no nome "banco de dados", no fato de que ele nasceu antes de sua chegada à Casa Civil e na sugestão do TCU para que tal sistema fosse organizado. A ministra jogou para o Gabinete de Segurança Institucional a responsabilidade de carimbar o que é sigiloso e, ao citar os gastos de FHC que foram vazados, preferiu os termos "reservados" e "privativos".
Para completar, disse que, como pré-2003 a prestação de contas era trimestral e feita de nove maneiras diferentes, seria impossível formatá-la no Suprim -daí a necessidade de montar a "base paralela".



Era isso? Se soubesse que a oposição lhe daria tamanha colher de chá, Dilma não teria demorado tanto a atender a convocação do Senado.

De ouro. José Agripino (DEM-RN), que permitiu a Dilma fechar o set ao mencionar seu passado de presa política, ganhou dos colegas o apelido de "Ricardinho". Nem o astro do vôlei levanta bola como o líder dos "demos".

Em resumo. Nos estertores da sessão de oito horas, Demóstenes Torres (DEM-GO) sentenciou: "Hoje é um dia para a oposição esquecer".

Palpite. Não foi à toa que Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse "achar" que Dilma ainda perderá seu braço-direito na Casa Civil, Erenice Guerra. Apesar do baile de ontem, há quem aposte que a novela ainda não acabou: vem aí a conclusão do inquérito da PF.

Prévia. Na véspera do depoimento, Dilma se reuniu com o colega José Múcio (Relações Institucionais) e os senadores governistas Romero Jucá, Roseana Sarney, Valdir Raupp, Aloizio Mercadante, Tião Viana e Ideli Salvatti. Estava cansada, mas foi advertida de que deveria ter paciência: a sessão seria longa.

Dias das mães. Diante da discussão em torno do colar de ouro e brilhantes que Wellington Salgado (PMDB-MG) tentou, sem sucesso, dar a Dilma, José Sarney brincou: "Se ninguém quiser, me dê que eu faço uma média lá em casa".

Meia dúzia. São seis os brasileiros citados nas investigações das autoridades da França e da Suíça sobre o suposto pagamento de propina pela empresa Alstom para obter contratos do Metrô de SP.

Escolado. O promotor Silvio Marques, que abriu ontem inquérito civil para investigar via São Paulo a relação entre a Alstom e o Metrô, já atuou em parceria com autoridades da Suíça e da França para embasar suas denúncias contra Paulo Maluf e Celso Pitta.

Dúvida. Dirigentes do PT se reuniram ontem com os deputados Márcio França (PSB) e Paulo Pereira da Silva (PDT) para tentar acordo em torno da candidatura de Marta Suplicy em São Paulo. Um grupo de petistas defendeu Luiza Erundina (PSB) como vice, mas França vetou. Outro prefere Aldo Rebelo (PC do B).

Nada feito. Procurado ontem por um dirigente do PT nacional, Aldo foi duro. Disse que o partido menosprezou o "bloquinho" ao buscar antes PMDB e PR. "Respeitem o bloco. Não tentem nos desarticular, pois vão se arrepender amargamente", avisou o pré-candidato do PC do B.

Engorda. Na tentativa de reforçar seu projeto de candidatura própria, o "bloquinho" tenta união com partidos nanicos. Na próxima terça-feira, líderes do grupo terão encontro com Zulaiê Cobra, pré-candidata do PHS.

Artilharia. O vereador Paulo Fiorilo (PT) entrou com representação no Ministério Público contra a gestão de Gilberto Kassab (DEM) por suspeita de desvio de R$ 1,3 mi do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Tiroteio

Já que o assunto é PAC, podemos dizer que o senador José Agripino pavimentou a estrada para a ministra Dilma brilhar.

Do deputado PAULO TEIXEIRA (PT-SP), da CPI dos Cartões Corporativos, sobre o líder do DEM, José Agripino (RN), que questionou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) por ela ter mentido a seus interrogadores quando esteve presa durante o regime militar.

Contraponto

Simplesmente impossível

Mesmo depois de deixar a Prefeitura de São Paulo, dois anos atrás, para concorrer ao governo do Estado, José Serra (PSDB) continuou a ser um dos principais alvos da oposição a Gilberto Kassab (DEM) na Câmara Municipal.
Em recente discurso, Claudete Alves (PT) se pôs a chamar o governador de "vice de Deus". Depois de ouvi-la repetir a expressão algumas vezes, Tião Farias (PSDB), integrante de uma ala tucana mais refratária a Serra do que os próprios petistas, resolver cobrar:
-Isso não está certo. Digam já para a Claudete parar imediatamente, porque ela não sabe do que está falando. Ou vocês acham que o Serra aceitaria ser vice de alguém?


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