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Câmara reduz prazo para deputado prestar conta
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), reduziu o prazo para que os deputados apresentem suas despesas
com verbas indenizatórias. Antes, no limite, havia um prazo
de até 24 meses. Agora, esse período caiu para até nove meses.
A regra anterior, criada em
2003, era elástica. Determinava que os gastos de um ano poderiam ser cobrados até o dia 31
de dezembro do ano seguinte.
Essa brecha não era muito
usada, pois os deputados preferiam entregar rapidamente a
nota para serem ressarcidos.
Cada um pode gastar até R$ 15
mil por mês com aluguel de escritório nos Estados, telefone e
gasolina, entre outros. Devido
aos escândalos na Câmara, decidiu-se colocar a prestação de
contas das verbas indenizatórias na internet a partir de abril.
Em abril, houve uma queda
de mais de 60% no valor total
dos gastos dos deputados com
verbas indenizatórias em relação ao mesmo mês de 2008.
Muitos reduziram os gastos,
mas houve também quem preferiu não apresentar recibos.
Eles ficam sem receber agora,
mas podem cobrar tudo no final do ano que vem -quando já
teria passado a eleição, e o foco
não seria mais o assunto.
Agora, com a nova norma, os
deputados que quiserem ser
ressarcidos estão obrigados a
apresentar as notas até 90 dias
"após o fornecimento do produto ou serviço", segundo a
portaria nº 9, assinada ontem
por Temer. Em tese, são três
meses. Mas o prazo só vale para
gastos em que há teto de consumo por mês -como gasolina.
Não há limite mensal para
consultoria, serviço vago no
qual alguns deputados incluem
despesas genéricas. Também é
facultado ao deputado concentrar sua verba no semestre.
Dessa forma, um deputado
que conseguir nota fiscal de
consultoria de R$ 90 mil no dia
30 de junho poderá apresentar
esse recibo até 30 de setembro.
Poucos devem adotar a estratégia. O mais provável, segundo
a Folha apurou, é que o prazo
máximo só seja usado para despesas consideradas polêmicas.
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