São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF indicia filho de Sarney por envio de dinheiro ao exterior

Advogado de Fernando Sarney confirma depoimento, mas diz ignorar decisão

Folha revelou em março que autoridades do Brasil foram informadas que empresário fez transações milionárias na China sem avisar o fisco


Sérgio Lima - 9.abr.10/Folha Imagem
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, superior hierárquico do secretário Romeu Tuma Jr.

LEONARDO SOUZA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal indiciou ontem o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acusado de remeter ilegalmente dinheiro para o exterior.
Conforme a Folha revelou em março, as autoridades brasileiras receberam a confirmação do governo da China de que Fernando fez transações milionárias naquele país. Ele não teria declarado o dinheiro à Receita Federal.
O advogado do empresário, Eduardo Ferrão, confirmou que ele prestou depoimento, mas disse que não tinha informações sobre o indiciamento.
O indiciamento, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, ocorreu por causa de uma remessa de US$ 1 milhão feita por ele para uma agência do HSBC em Qingdao, na China.
O dinheiro saiu de uma conta em nome de uma "offshore" nas Bahamas, conhecido paraíso fiscal do Caribe, movimentada pessoalmente pelo filho do senador. A autorização da transação foi assinada de próprio punho por Fernando.
A pedido do Brasil, o governo chinês confirmou ao Ministério da Justiça não só a autenticidade do documento mas também a existência da conta nas Bahamas e a transferência do dinheiro para Qingdao.
Ainda em março, a Folha revelou também que a Suíça bloqueou uma conta de US$ 13 milhões movimentada por Fernando Sarney. Essa transação e outras operações realizadas pelo empresário continuam a ser investigadas pela PF e podem levá-lo a novos indiciamentos.
Segundo a Folha apurou, além de Fernando, foi indiciado um empresário piauiense que a PF acusa de ter participado do esquema ilegal de envio de dinheiro para fora do país.
Recursos no exterior não informados ao fisco podem ser fruto de sonegação de tributos, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
A operação policial (Boi Barrica, depois foi rebatizada de Faktor) já indiciou Fernando sob acusação de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele nega as acusações.
A remessa para a China é alvo da Faktor. Em 2009, Fernando negou a movimentação. Laudo enviado pelo governo chinês para o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça contradiz a versão do empresário.
A partir de autorização assinada por Fernando, autoridades chinesas rastrearam a origem do dinheiro e confirmaram que os recursos foram creditados na conta da Prestige Cycle Parts & Accessories Limited (pelo nome, uma empresa de acessórios de bicicleta), conforme ordem bancária.
Os investigadores brasileiros ainda não sabem qual a finalidade desse depósito. Acordos multilaterais permitem ao governo solicitar bloqueio e a repatriação de recursos enviados ilegalmente para fora do país.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Senador ignora STF e recontrata mulher de aliado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.