São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2007

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Presidente afirma que ameaçou deixar de comprar o gás da Bolívia

DO ENVIADO À ALEMANHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou na entrevista como chegou a um acordo com o presidente da Bolívia, Evo Morales, sobre a crise do gás.
Lula disse que, durante a Cúpula União Européia-América Latina e Caribe, em Viena, no ano passado, dias após a nacionalização do gás boliviano, chamou Morales para conversar.
"Mostrei-lhe o mapa da América do Sul e lhe disse: a espada que você está colocando na minha cabeça é uma espada que eu posso colocar na sua. Imagina se eu dissesse: não quero mais o seu gás. Você não teria para quem vendê-lo". E acrescentou: "Vamos discutir o assunto com muita seriedade".
Morales aceitou e os dois países se entenderam sobre o preço do gás, mas ficou ainda a espada pendente da venda das refinarias, que acabou feita a um preço muito criticado no Brasil.
Lula diz que a primeira pessoa que procurou quando soube que Morales queria comprar as refinarias foi o presidente da Petrobras, que topou vender na hora. Quanto ao preço, tanto Lula como Celso Amorim dizem que a Petrobras só disse que as refinarias valiam mais de US$ 100 milhões para efeito de negociação, pois Morales havia lançado um preço bem mais baixo (US$ 70 milhões). O interesse da estatal em vender era tanto que Morales acenou com um adiamento da compra, mas a Petrobras não aceitou.
Lula apóia Morales. "Ele nada mais fez do que dar cumprimento ao resultado do plebiscito convocado pelo Carlos Mesa, em que 92% dos bolivianos aprovaram a nacionalização do gás". Ele adota um tom paternalista: "O papel do Brasil com a Bolívia é o papel do pai com o filho. Você não vai bater nele toda vez que faz algo de que você não gosta. Às vezes, paciência ajuda mais que bater".
O paternalismo desaparece quando se trata de outro vizinho pobre, o Paraguai, e sua reivindicação de que o Brasil pague mais pela energia de Itaipu: "Já fizemos o que tínhamos que fazer sobre Itaipu. Tem um jeito extraordinário de o Paraguai utilizar toda a energia a que tem direito: o crescimento econômico. Não tem outro jeito".


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