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Presidente afirma que ameaçou deixar de comprar o gás da Bolívia
DO ENVIADO À ALEMANHA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou na entrevista
como chegou a um acordo com
o presidente da Bolívia, Evo
Morales, sobre a crise do gás.
Lula disse que, durante a Cúpula União Européia-América
Latina e Caribe, em Viena, no
ano passado, dias após a nacionalização do gás boliviano, chamou Morales para conversar.
"Mostrei-lhe o mapa da
América do Sul e lhe disse: a espada que você está colocando
na minha cabeça é uma espada
que eu posso colocar na sua.
Imagina se eu dissesse: não
quero mais o seu gás. Você não
teria para quem vendê-lo". E
acrescentou: "Vamos discutir o
assunto com muita seriedade".
Morales aceitou e os dois países se entenderam sobre o preço do gás, mas ficou ainda a espada pendente da venda das refinarias, que acabou feita a um
preço muito criticado no Brasil.
Lula diz que a primeira pessoa que procurou quando soube que Morales queria comprar
as refinarias foi o presidente da
Petrobras, que topou vender na
hora. Quanto ao preço, tanto
Lula como Celso Amorim dizem que a Petrobras só disse
que as refinarias valiam mais
de US$ 100 milhões para efeito
de negociação, pois Morales
havia lançado um preço bem
mais baixo (US$ 70 milhões). O
interesse da estatal em vender
era tanto que Morales acenou
com um adiamento da compra,
mas a Petrobras não aceitou.
Lula apóia Morales. "Ele nada mais fez do que dar cumprimento ao resultado do plebiscito convocado pelo Carlos Mesa,
em que 92% dos bolivianos
aprovaram a nacionalização do
gás". Ele adota um tom paternalista: "O papel do Brasil com
a Bolívia é o papel do pai com o
filho. Você não vai bater nele
toda vez que faz algo de que você não gosta. Às vezes, paciência ajuda mais que bater".
O paternalismo desaparece
quando se trata de outro vizinho pobre, o Paraguai, e sua reivindicação de que o Brasil pague mais pela energia de Itaipu:
"Já fizemos o que tínhamos que
fazer sobre Itaipu. Tem um jeito extraordinário de o Paraguai
utilizar toda a energia a que
tem direito: o crescimento econômico. Não tem outro jeito".
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