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Uruguai quer limitar brasileiro na fronteira
Preocupado com o avanço de brasileiros e argentinos, governo prepara um projeto para limitar venda de terras a estrangeiros
Restrição já é adotada por vários países da América Latina; na Argentina, uma província aprovou uma lei que contraria a Constituição
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O governo do Uruguai anunciou há duas semanas que prepara um projeto de lei para limitar a venda de terras a estrangeiros, diante do avanço de
brasileiros e argentinos.
O projeto estabelecerá uma
área de fronteira que só poderá
ser vendida a uruguaios. Mas os
estrangeiros que já possuem
terras ali não serão afetados,
segundo o subsecretário do Ministério de Gado, Agricultura e
Pesca, Andrés Berterreche.
A decisão foi divulgada dias
depois de o prefeito da cidade
de Rio Negro, Omar Lafluf, ter
pedido ao presidente Tabaré
Vázquez para "pôr um freio" na
compra de terras por argentinos. A Federação Rural do Uruguai calcula que 35% do 1 milhão de terras cultiváveis do
país pertencem aos argentinos.
Os uruguaios temem uma
"sojização" de suas terras com
o avanço dos produtores argentinos, que enfrentam restrições
às exportações e acharam no
Uruguai um local com menos
riscos para plantar. Outra preocupação uruguaia é evitar o
contrabando e garantir a qualidade do gado na fronteira com
o Brasil. Segundo o subsecretário, há fazendeiros com terras
dos dois lados da fronteira, o
que facilita o deslocamento do
gado de um país ao outro e traz
riscos sanitários ao Uruguai.
O Uruguai deve repetir assim
o que fez o Paraguai em 2005,
que proibiu a venda de terras a
estrangeiros numa faixa de 50
quilômetros da fronteira. O governo paraguaio diz que a regra
não tem efeito retroativo.
Esse tipo de proibição também é adotado na Bolívia (50
km), no Peru (50 km), no Panamá (10 km) e no México (100
km). No Equador, os estrangeiros não podem adquirir terras
nas zonas de segurança nacional. Na Guatemala, precisam de
autorização para adquiri-las
nas reservas territoriais. A Venezuela não permite a venda de
terras devolutas a estrangeiros.
No Brasil, o marco legal está em
debate.
Na Argentina, não há uma lei
nacional que regule a venda de
terras a estrangeiros. Porém, a
Província de Corrientes incluiu
em sua nova Constituição, promulgada em 2007, a restrição à
venda de terras tidas como estratégicas a estrangeiros sem
residência permanente no país
ou a sociedades formadas por
capital estrangeiro. A lei gerou
polêmica por contrariar a
Constituição nacional. Segundo a Federação Agrária Argentina, cerca de 10% do território
do país pertence a forasteiros.
Em 2002, a Federação e partidos de oposição fizeram uma
campanha pela restrição à venda de terras, sem êxito. A reivindicação também existe no
Chile, onde não há restrições e
há forte presença estrangeira.
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