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Desempenho de Kassab
segue ritmo de obras
Investimento na zona leste rende votos para prefeito
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é apenas obra do carisma, nem só do alicerce ideológico do candidato. Na disputa
pela Prefeitura de São Paulo, a
performance eleitoral segue o
ritmo do bate-estaca. Avaliação
dos números do instituto Datafolha mostra que a evolução da
intenção de votos também
acompanha o cronograma de
obras realizadas nas diferentes
regiões da cidade.
Segundo dados do Datafolha,
é na zona leste -palco de maior
volume de obras na cidade-
que o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) registra o seu melhor
desempenho.
De agosto do ano passado até
o dia 15 de maio -quando foi
realizada a última pesquisa do
Datafolha-, Kassab apresentou um crescimento de dez
pontos percentuais na região,
sendo um salto de oito pontos
somente a partir de março.
Kassab tropeça, porém, na
zona oeste, onde é menor o número de obras ao longo do governo (88). Na zona leste, chegam a 515 as obras da gestão
Serra/Kassab. A região consumiu, até abril, 37,1% dos investimentos realizados pela Secretaria Municipal de Educação.
É lá que estão 4 dos 8 CEUs
(Centro Educacionais Unificados) inaugurados pela gestão
Serra/Kassab até a semana passada. Das cinco regiões de São
Paulo, a zona leste foi a destinatária de 46 das 104 unidades de
AMAs (Atendimento Médico
Ambulatorial), 44% do total.
Foram construídas quatro unidades básicas de Saúde (UBS),
além do hospital de Cidade
Tiradentes.
Alckmin
De agosto para cá, a vantagem do ex-governador Geraldo
Alckmin (PSDB) sobre Kassab
caiu de 16 para 2 pontos na zona leste. Responsável pela
inauguração de nove CEUs na
região, a ex-prefeita Marta Suplicy conta com 32% da preferência e se mantém na liderança na zona leste, um de seus redutos na eleição de 2004.
Embora atribua os investimentos à densidade populacional da zona leste, a maior da cidade, Kassab reconhece: "Nas
regiões sul e leste, há uma tendência de aumento de intenção
de votos vinculado à realização
de obras".
O prefeito também justifica
seu baixo desempenho na zona
sul, apesar do aporte de investimentos na região, especialmente a partir deste ano.
Segundo Kassab, "a grande
demanda da região sul está sendo atendida agora". O prefeito
cita como exemplo a destinação de R$ 750 milhões ao programa de recuperação de mananciais. Além de projetos habitacionais, na zona sul, Kassab
aposta em parques, como um
que abrigará sete praias.
"Na zona sul, as obras são de
maturação mais lenta", afirma.
Na região -onde Marta inaugurou sete CEUs durante sua
gestão-, Kassab está estacionado na casa dos dez pontos.
Marta lidera com 38%, dez
pontos à frente de Alckmin.
Procurada, a assessoria de
Marta atribuiu o bom desempenho da ex-prefeita às suas
realizações na região, apontada
como um reduto petista.
Não é à toa que Kassab tem
concentrado, atualmente, boa
parte de sua agenda na região.
Desde a última pesquisa Datafolha, Kassab inaugurou quatro
novos CEUs: um, de Lajeado,
na zona leste, três deles -Guarapiranga, Vila do Sol e Feitiço
da Vila- na zona sul.
Até o mês passado, a prefeitura tinha inaugurado um CEU
na zona sul. Agora, com a entrega do Feitiço da Vila ontem, somam 4 das 9 unidades inauguradas no governo Kassab.
O secretário de Educação,
Alexandre Schneider, explica
que a prefeitura enfrentou
maior dificuldade para a liberação dos terrenos na zona sul.
Conversão em votos
Kassab planeja inaugurar 25
CEUs até o fim do seu mandato,
sendo 9 na zona leste e 11 na zona sul. Até abril, a região foi
contemplada com 35% dos
mais de R$ 700 milhões investidos em Educação.
A exemplo de Kassab,
Schneider afirma que concentração de escolas de lata e com
três turnos justifica os investimentos nas regiões. E admite a
hipótese de conversão de ações
em voto. "Imagino que os pais,
que buscavam os filhos em escolas de lata, reconheçam, sim,
a ação da prefeitura", disse.
Encarregado de um cardápio
de obras de R$ 800 milhões, o
secretário de Infra-estrutura,
Marcelo Branco, diz que a necessidade do paulistano rege a
atuação da prefeitura. Mas reconhece que todo político espera reconhecimento eleitoral.
Para este ano, a prefeitura conta com previsão de investimentos que superam R$ 1,7 bilhão.
Segundo o deputado federal
Edson Aparecido (PSDB), um
dos coordenadores da campanha de Alckmin, concorrer no
comando da máquina é mais do
que uma vantagem. "É uma distorção do instituto da reeleição." Crítico da reeleição, Alckmin não se manifestou.
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