São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Desempenho de Kassab segue ritmo de obras

Investimento na zona leste rende votos para prefeito

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é apenas obra do carisma, nem só do alicerce ideológico do candidato. Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a performance eleitoral segue o ritmo do bate-estaca. Avaliação dos números do instituto Datafolha mostra que a evolução da intenção de votos também acompanha o cronograma de obras realizadas nas diferentes regiões da cidade.
Segundo dados do Datafolha, é na zona leste -palco de maior volume de obras na cidade- que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) registra o seu melhor desempenho.
De agosto do ano passado até o dia 15 de maio -quando foi realizada a última pesquisa do Datafolha-, Kassab apresentou um crescimento de dez pontos percentuais na região, sendo um salto de oito pontos somente a partir de março.
Kassab tropeça, porém, na zona oeste, onde é menor o número de obras ao longo do governo (88). Na zona leste, chegam a 515 as obras da gestão Serra/Kassab. A região consumiu, até abril, 37,1% dos investimentos realizados pela Secretaria Municipal de Educação.
É lá que estão 4 dos 8 CEUs (Centro Educacionais Unificados) inaugurados pela gestão Serra/Kassab até a semana passada. Das cinco regiões de São Paulo, a zona leste foi a destinatária de 46 das 104 unidades de AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial), 44% do total. Foram construídas quatro unidades básicas de Saúde (UBS), além do hospital de Cidade Tiradentes.

Alckmin
De agosto para cá, a vantagem do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre Kassab caiu de 16 para 2 pontos na zona leste. Responsável pela inauguração de nove CEUs na região, a ex-prefeita Marta Suplicy conta com 32% da preferência e se mantém na liderança na zona leste, um de seus redutos na eleição de 2004.
Embora atribua os investimentos à densidade populacional da zona leste, a maior da cidade, Kassab reconhece: "Nas regiões sul e leste, há uma tendência de aumento de intenção de votos vinculado à realização de obras".
O prefeito também justifica seu baixo desempenho na zona sul, apesar do aporte de investimentos na região, especialmente a partir deste ano.
Segundo Kassab, "a grande demanda da região sul está sendo atendida agora". O prefeito cita como exemplo a destinação de R$ 750 milhões ao programa de recuperação de mananciais. Além de projetos habitacionais, na zona sul, Kassab aposta em parques, como um que abrigará sete praias.
"Na zona sul, as obras são de maturação mais lenta", afirma.
Na região -onde Marta inaugurou sete CEUs durante sua gestão-, Kassab está estacionado na casa dos dez pontos. Marta lidera com 38%, dez pontos à frente de Alckmin.
Procurada, a assessoria de Marta atribuiu o bom desempenho da ex-prefeita às suas realizações na região, apontada como um reduto petista.
Não é à toa que Kassab tem concentrado, atualmente, boa parte de sua agenda na região. Desde a última pesquisa Datafolha, Kassab inaugurou quatro novos CEUs: um, de Lajeado, na zona leste, três deles -Guarapiranga, Vila do Sol e Feitiço da Vila- na zona sul.
Até o mês passado, a prefeitura tinha inaugurado um CEU na zona sul. Agora, com a entrega do Feitiço da Vila ontem, somam 4 das 9 unidades inauguradas no governo Kassab.
O secretário de Educação, Alexandre Schneider, explica que a prefeitura enfrentou maior dificuldade para a liberação dos terrenos na zona sul.

Conversão em votos
Kassab planeja inaugurar 25 CEUs até o fim do seu mandato, sendo 9 na zona leste e 11 na zona sul. Até abril, a região foi contemplada com 35% dos mais de R$ 700 milhões investidos em Educação.
A exemplo de Kassab, Schneider afirma que concentração de escolas de lata e com três turnos justifica os investimentos nas regiões. E admite a hipótese de conversão de ações em voto. "Imagino que os pais, que buscavam os filhos em escolas de lata, reconheçam, sim, a ação da prefeitura", disse.
Encarregado de um cardápio de obras de R$ 800 milhões, o secretário de Infra-estrutura, Marcelo Branco, diz que a necessidade do paulistano rege a atuação da prefeitura. Mas reconhece que todo político espera reconhecimento eleitoral. Para este ano, a prefeitura conta com previsão de investimentos que superam R$ 1,7 bilhão.
Segundo o deputado federal Edson Aparecido (PSDB), um dos coordenadores da campanha de Alckmin, concorrer no comando da máquina é mais do que uma vantagem. "É uma distorção do instituto da reeleição." Crítico da reeleição, Alckmin não se manifestou.


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