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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Sarney defende reeleição e elogia "presidente operário"
Na tribuna, senador defende governo um dia após PMDB ganhar direção dos Correios
Para Pedro Simon (PMDB-RS), "é triste esse papel do Sarney. Infelizmente ele serve a qualquer governo e tem os cargos que quer"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de seu partido
ganhar o comando dos Correios, o senador José Sarney
(PMDB-AP) defendeu ontem a
reeleição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em discurso no plenário do Senado, e ressaltou que manteve o apoio ao
governo do petista mesmo durante a crise do mensalão.
"O meu candidato é o presidente Lula, que trouxe ao poder
uma esquerda responsável e
equilibrada", afirmou Sarney.
"Defendo a reeleição do presidente Lula. Acho necessária
não só para a continuidade das
coisas que ele fez. Em um segundo mandato seria muito
bom que esse presidente operário avançasse", disse o peemedebista na tribuna.
A ala governista do PMDB,
capitaneada por Sarney e pelo
presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), recebeu anteontem a presidência dos Correios e três diretorias. Eles negociam ainda o cargo de ministro da Saúde. Essa corrente do
partido enterrou a candidatura
própria do PMDB à Presidência da República, o que aumenta as chances de Lula vencer a
eleição no primeiro turno.
Apesar de o partido ter se
mantido rachado durante o governo Lula, Sarney afirmou que
o PMDB vai apoiá-lo em um segundo mandato e que a sigla terá um papel fundamental, já
que segundo ele, vai eleger as
maiores bancadas na Câmara e
no Senado, além do maior número de governadores.
"O PMDB deverá dar sustentação ao novo governo, dele
participando decisivamente.
Essa participação não se dará
na divisão fisiológica de cargos,
mas na formulação e condução
de projetos nacionais", afirmou
Sarney, que disse agradecer a
Deus por não ser "fechado a
idéias novas". "Onde na minha
vida fui conservador?", questionou o ex-presidente.
Sarney disse ainda que o governo do presidente Lula foi
uma surpresa. "O caos não veio.
O desastre não chegou."
Ao ser questionado após o
discurso sobre as indicações
emplacadas nos Correios, o senador afirmou que não sabia do
fato. "Cargos? Que cargos? Não
estou sabendo de nada. Já foi
indicado alguém para os Correios?", perguntou o peemedebista, no final da manhã.
Mensalão
Sarney elogiou ainda o procedimento de Lula durante a
crise do mensalão. "A corrupção sempre foi uma arma para
desestabilizar o poder, ferir sua
legitimidade, investir quando a
discussão de idéias se torna difusa", disse o senador.
O PMDB comandava os Correios no início do governo Lula,
mas teve que entregar os cargos
quando um funcionário da autarquia foi filmado recebendo
propina. Esse episódio deu início à crise que abateu a administração petista e culminou no
escândalo do mensalão.
O novo presidente dos Correios, Carlos Henrique Almeida Custódio, é uma indicação
do ministro das Comunicações,
Hélio Costa (PMDB-MG); Carlos Roberto Samartine Dias,
novo diretor de Operações, foi
sugerido pelo líder do PMDB
no Senado, Ney Suassuna (PB);
Manassés Leon Nahmias, novo
diretor de Tecnologia, é indicado pelo senador Luiz Otávio
(PMDB-PA). O novo diretor
Comercial, Samir de Castro
Hatem, é indicação do líder do
governo, senador Romero Jucá
(PMDB-RR).
O discurso de Sarney foi criticado pelo senador Pedro Simon
(PMDB-RS), que foi pré-candidato do partido à Presidência
da República. "É triste esse papel do Sarney. Infelizmente ele
serve a qualquer governo e tem
os cargos que quer", afirmou o
senador gaúcho.
Na próxima segunda-feira,
parlamentares da ala governista do PMDB se reunirão com o
presidente Lula para definir
um movimento de apoio ao petista durante a campanha.
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