São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Tráfico impede imprensa de entrar em favela carioca com candidato

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após a militância do candidato tucano ao governo do Estado do Rio, Eduardo Paes, ser ameaçada pelo tráfico caso entrasse em morro na Penha (zona norte), os traficantes do Jacarezinho impediram ontem a imprensa de acompanhar o senador Marcelo Crivella (PRB), em campanha no local.
Reunidos em uma das entradas da favela, os jornalistas foram avisados por assessor de Crivella de que integrantes da associação de moradores os proibiram de entrar. O candidato percorreu as ruas do local seguido apenas de assessores e não manifestou surpresa, embora tenha dito que já viveu o problema em outras campanhas e considera a situação "antidemocrática".
"Vocês sabem que não pode entrar, né? Desde quando fui candidato a prefeito [2004] a comunidade fazia restrição à entrada de repórteres. Aconteceu em muitos lugares. É coisa do cotidiano da cidade, mas normal não é. Agride o princípio democrático de andar em todos os lugares."
Questionado sobre se a proibição era da comunidade ou de traficantes locais, disse que era da comunidade. "Tem que perguntar a eles por quê, não a mim", afirmou. Segundo a assessoria de Crivella, o aviso da proibição foi dado por integrante da equipe da campanha que mora no local. Na véspera, dois homens em uma moto intimidaram militantes de Paes que distribuíam panfletos.
Apesar da aparente insegurança, o senador disse que nunca teve problema em favelas com presença do tráfico. O bispo da Igreja Universal do Reino de Deus conta que já rezou pelos traficantes. "Sou bispo e me pedem orações, inclusive pessoas ligadas ao tráfico. Faço oração e sugiro que sigam um caminho melhor."


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