São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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ESTRATÉGIA

Presidente diz que dinheiro das privatizações foi usado para administrar dívida; Serra não respondeu no debate

Sem citar nome, FHC refuta e acusa Ciro

LEILA SUWWAN
SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou uma solenidade da Escola Superior de Guerra ontem no Palácio do Planalto para responder indiretamente às afirmações do candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), no debate do último domingo na TV Bandeirantes.
"Os dados não mentem. Algumas pessoas mentem usando dados", afirmou FHC, sem citar o nome de Ciro, mas reforçando a pecha de mentiroso que a campanha tucana quer "colar" no candidato da Frente Trabalhista.
FHC afirmou que o salário mínimo não se mede em dólar, porque a cesta básica não é comprada em dólar, e respondeu à pergunta deixada no ar pelo candidato José Serra a respeito do destino das verbas das privatizações.
"Quando as pessoas falam sobre a dívida, dizem coisas disparatadas. Ou porque não viram na internet, ou porque estão mal informadas, ou porque querem distorcer mesmo", disse FHC, depois de afirmar que a dívida interna cresceu de R$ 60,7 bilhões, em julho de 1994, para R$ 633,3 bilhões, em abril de 2002.
Segundo ele, o crescimento se deve ao fato de o governo ter assumido dívidas não reconhecidas -os chamados "esqueletos"- e renegociado dívidas de Estados e municípios. Juntos, os dois itens representam R$ 418,6 bilhões da dívida, segundo a tabela de FHC.
Ele afirmou, usando um telão, que os recursos obtidos com as privatizações de empresas estatais -R$ 67 bilhões- e os R$ 103,2 bilhões do superávit primário (receita menos despesas, exceto os gastos com juros) foram usados para administrar a dívida.
Durante o debate de domingo, José Serra deixou-a sem resposta, o que desagradou ao Planalto.
"Os dados são feios, mas são a cara dos desmandos que ocorreram no nosso país", afirmou, isentado seu governo da responsabilidade por parte da dívida.

Salário e emprego
Durante o debate, Serra acusou Ciro de mentir sobre o valor do salário mínimo em dólares durante sua gestão na Fazenda. Ciro havia dito que o salário pago na época (94) era de US$ 100.
"A referência para o salário mínimo não é o dólar, porque a cesta básica não é composta por produtos em dólar, mas por produtos em reais", disse, acrescentando que o salário mínimo cresceu 27% desde o início da década de 90.
FHC admitiu que o desemprego é a "questão mais dramática" atualmente. Ele considera que os empregos criados em seus dois mandatos (1,8 milhão) foram um fraco desempenho.



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