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CPI DO BANESTADO
Setúbal diz que negociação foi rentável ao PR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Em depoimento à CPI estadual
do Banestado, o presidente do
Itaú, Roberto Setúbal, disse ontem, em Curitiba (PR), que o banco paranaense foi privatizado por
causa de má gestão e do endividamento do Estado com a instituição financeira.
Setúbal não citou nomes dos
eventuais responsáveis, mas afirmou que, ao comprar o banco,
em setembro de 2000, encontrou
"dificuldades muito maiores" do
que aquelas que foram levantadas
antes da privatização.
O presidente do Itaú disse que a
negociação foi rentável aos cofres
do Paraná. "A privatização foi
bastante positiva porque o governo do Estado conseguiu alongar
uma dívida que, sem a privatização, ele teria de pagar num prazo
menor", explicou.
Um dos itens que motivou a
criação da CPI estadual foram denúncias de que a privatização,
realizada na administração do ex-governador Jaime Lerner (PFL),
foi prejudicial ao governo paranaense, que já pagou R$ 1,7 bilhão
ao governo federal pelo saneamento das dívidas do Banestado,
mas ainda precisa quitar outros
R$ 8 bilhões. O Itaú arrematou o
Banestado por R$ 1,6 bilhão.
A assessoria de Lerner informou que ele está nos Estados Unidos e não foi localizado para falar
sobre o assunto.
Setúbal afirmou ainda que, no
segundo semestre de 2002, o Itaú
antecipou ao governo do Paraná a
renovação, por mais cinco anos,
do contrato de exclusividade de
manutenção das contas estaduais
em sua carteira de clientes.
Ao assumir o cargo em janeiro,
o governador Roberto Requião
(PMDB) ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal) com
uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para cancelar o acordo. A ação ainda não foi
julgada. Requião alega que um
banco privado não pode deter o
monopólio de contas do poder
público.
Setúbal disse que não tinha detalhes da negociação, mas que o
pagamento teria chegado a
R$ 90 milhões. A CPI deu prazo
de cinco dias para Setúbal apresentar o contrato de renovação.
A Agência Folha apurou com
integrantes da PGE (Procuradoria Geral do Estado) e da assessoria de Lerner (PFL) que a renovação foi paga por meio de um abatimento de R$ 88 milhões de uma
dívida de R$ 547 milhões.
O débito do Estado foi contraído com o Itaú por causa da compra, com recursos do Banestado,
de precatórios de Santa Catarina,
Pernambuco, Alagoas, Osasco, e
Guarulhos na época em que o
banco ainda era estatal.
Caso CC5
Anteontem, terminou em tumulto e bate-boca a sessão da CPI
em que deveriam ter sido ouvidos
os depoimentos dos ex-gerentes
do banco em Nova York Valdir
Perin e Hércio dos Santos.
O problema surgiu depois que o
advogado dos ex-gerentes, Alessandro Silvério, teve negado pelo
presidente da comissão, deputado Neivo Beraldin (PDT), um pedido para que a sessão fosse reservada. O deputado teria chamado
o advogado de "malandro" e ordenado a sua prisão.
(DIMITRI DO VALLE)
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