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Para CPI, Usiminas nutriu esquema
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Já são quatro políticos mineiros
a admitir o recebimento de doação de caixa dois da Usiminas em
2004 por meio da SMPB Comunicação, no total de R$ 905 mil. Mas
a companhia siderúrgica só informou à Receita Federal ter pago R$
800 à agência de propaganda no
ano passado, segundo dados obtidos pela Folha. Ou seja, apenas
0,08% do dinheiro supostamente
não declarado.
Para integrantes da CPI dos
Correios, o fato é praticamente a
confirmação de que a Usiminas
alimentou o caixa dois da SMPB
para fins políticos. A SMPB é uma
das agências de propaganda do
publicitário Marcos Valério.
"O nosso desafio agora é identificar a origem do dinheiro que irrigava o esquema do PT. O destino já está mais ou menos desenhado. Temos de levantar as empresas que contribuíam para o
caixa dois petista e quais interesses tinham no governo", disse o
deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
Há discrepâncias milionárias
também entre os pagamentos feitos por Telemig e Amazônia Celular às agências de Valério, segundo levantamento da CPI, e os valores que declararam à Receita.
A assessoria das duas operadoras de telefonia celular admite que
realmente as empresas não informaram os créditos à Receita, mas
culpam DNA e SMPB pelas falhas
(leia texto nesta página).
Novo beneficiário
O mais recente a afirmar que ganhou doação de campanha não
contabilizada da Usiminas por intermédio da empresa de Valério é
o deputado petista João Magno
(PT), que aparece na lista dos beneficiários da SMPB.
Ele disse que recebeu R$ 200 mil
da empresa siderúrgica no final
do ano passado, quando tentou se
eleger prefeito de Ipatinga (MG).
A Usiminas afirma que está em
dia com a Receita Federal, mas
não desmente nem confirma as
doações ilegais de campanha. A
assessoria informou que a empresa não comentaria o assunto.
O primeiro a falar publicamente
sobre o recebimento do dinheiro
da Usiminas por meio da empresa de Valério foi o deputado pefelista Roberto Brant (R$ 150 mil).
Logo depois, Paulo Menecucci,
coordenador do PSDB na campanha do candidato João Leite (então PSB), informou que sacou R$
205 mil da conta da SMPB, também referente à doação da Usiminas. O tucano João Carlos Lisboa
afirmou que a empresa usou o esquema para lhe doar R$ 350 mil.
Todos os quatro disputaram
prefeituras no ano passado em
Minas, mas foram derrotados.
Na semana passada, João Magno divulgou carta no Congresso
admitindo que recebeu dinheiro
de caixa dois por intermédio da
SMPB para o pagamento de dívidas de suas campanhas de 2002 e
2004. Mas não falou em valores.
Ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), contudo, confidenciou detalhes. Magno primeiro apareceu
na lista dos destinatários do caixa
dois com R$ 29 mil. Mas recebeu
pelo menos R$ 264 mil. Disse a
Dias que foram quatro pagamentos, o mais alto deles da Usiminas.
Em 19 de setembro de 2003, seu
irmão Hermínio de Araújo teria
recebido R$ 25 mil em seu nome.
A Usiminas não é desconhecida
dos petistas. Em 7 de agosto de
2003, o então ministro da Casa Civil José Dirceu recebeu no Palácio
do Planalto o presidente da empresa, Rinaldo Soares. Participaram da mesma audiência, juntamente com Dirceu e Rinaldo, o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério -réus confessos do caixa dois
usado pelo partido.
Teles
A Telemig Celular e a Amazônia
Celular foram arrastadas para o
centro das investigações do
"mensalão" por dois motivos.
Primeiro, porque o controlador
das duas teles é o Opportunity, do
banqueiro Daniel Dantas. Valério
já admitiu publicamente que se
aproximou de Dantas para defender interesses de suas empresas.
A segunda razão é que as duas
teles depositaram milhões nas
contas da SMPB e da DNA nos últimos três anos. No entanto, assim como a Usiminas, pouco ou
nada informaram à Receita Federal sobre os créditos para as agências de Valério.
Segundo a CPI, DNA e SMPB
receberam juntas R$ 125,97 milhões de Telemig e Amazônia Celular entre 2000 e o primeiro trimestre deste ano. Foram R$ 94,32
milhões da Telemig e R$ 31,64 milhões da Amazônia Celular.
Em 2001, a Telemig informou à
Receita que pagou à DNA R$ 2,92
milhões. A Amazônia Celular informou que pagou à mesma empresa R$ 94,75 mil. Desde então,
nenhuma das duas operadoras
informou pagamentos à Receita.
Em 2002, a Telemig comunicou
ao fisco o pagamento de R$ 840
mil à SMPB. Depois, não informou mais nada. A Amazônia Celular não enviou à Receita nenhum dado sobre a SMPB.
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