São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2008

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Opportunity reduz sangria depois de perder R$ 1,8 bi

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Um mês após a Operação Satiagraha, que levou os principais executivos do Opportunity à prisão, os resgates do banco de Daniel Dantas somam R$ 1,8 bilhão- a maior parte feita nos dias posteriores à ação da PF.
Como os resgates obedecem a um cronograma de até 90 dias, as posições do banco nos rankings da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) seguem inalteradas.
O Opportunity Asset Management ocupa a 20ª posição no ranking de administradores, com patrimônio de R$ 16,3 bilhões. Internamente, a avaliação é de que, na pior das hipóteses, esse volume cairá para R$ 14 bilhões nos próximos meses.
Nos últimos dias, gestores de administração de recursos de terceiros já trabalham com um cenário de estabilização do patrimônio líquido, o que até os concorrentes julgam surpreendentemente positivo na crise.
Em 2004, numa crise semelhante, o banco chegou a perder 10% do patrimônio- recuperados nos seis meses posteriores.
Mesmo assim, o Opportunity Asset já iniciou uma espécie de reposicionamento no mercado de gestão de recursos de clientes (pessoas físicas, empresas e outros fundos) de alto poder aquisitivo. O primeiro passo está em vias de ser concluído: a transferência da administração dos fundos do Opportunity ao BNY Mellon Serviços Financeiros- subsidiária brasileira do Bank of New York Mellon, gigante do mercado financeiro americano que administra US$ 23 trilhões em todo o mundo.
No Brasil, o Mellon administra mais de mil fundos de investimento de cerca de cem instituições, totalizando R$ 62 bilhões. Essa transferência já estava sendo analisada antes da Operação Satiagraha, mas é considerada uma "blindagem" para clientes do Opportunity, porque a responsabilidade sobre a parte administrativa dos fundos (inclusive junto à CVM) ficará com o BNY Mellon.
Esse reposicionamento está sendo conduzido pelo principal executivo do Opportunity Asset, Dório Ferman, braço direito de Dantas para assuntos financeiros. Aos 61 anos, ele se preparava para sair da operação diária e exercer só a supervisão dos fundos, mas adiou os planos com a Satiagraha. A amigos, Ferman diz que evitou baixas na equipe e estabilizou as operações, mas depois chegará a hora de "repensar tudo".


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