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Senado paga milhões em imposto indevido desde maio de 2007
Casa descumpre acórdão do TCU que proíbe cobrança de dois tributos nas planilhas de custos de empresas terceirizadas
Senado tem 34 contratos de terceirizadas, com gasto anual de R$ 152 mi; em 2008, estima-se que poderiam ter sido economizados R$ 8 mi
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado gasta, há dois anos,
milhões com pagamentos de
tributos que não deve. Desde
maio de 2007, a Casa descumpre acórdão do TCU que proíbe
a cobrança de CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) e do IRPJ (Imposto de
Renda de Pessoa Jurídica) nas
planilhas de custos de empresas terceirizadas.
Atualmente, o Senado tem
34 contratos de mão de obra
terceirizada, cujo gasto anual é
de R$ 152 milhões. Por isso estima-se que, só no ano passado,
cerca de R$ 8 milhões poderiam ter sido economizados
dos cofres públicos.
Na semana que vem, a Secretaria de Controle Interno do
Senado deverá entregar à Diretoria Geral um relatório em que
recomenda a renegociação com
as empresas que prestam serviço na Casa. O principal argumento é o de que o TCU considera a cobrança dos impostos
irregular, pois incidem sobre o
lucro das empresas e não sobre
o custo. "O cômputo do IRPJ e
da CSLL como custo não é possível por se constituírem em
tributos de natureza direta e
personalística", diz acórdão do
TCU que teve como relator o
ministro Augusto Nardes.
"Penso que a unidade técnica
já demonstrou, inclusive, a natureza indevida da prática, contrária à legislação do imposto
de renda, que proíbe a contabilização dos impostos diretos
como despesa", completou o
ministro no documento assinado em maio de 2007.
Segundo o diretor da Subsecretaria de Planejamento e
Controle de Contratações,
Marcos André de Melo, até o
ano passado, todas as empresas
de mão de obra terceirizada incluíam em suas planilhas de
custos as cobranças de CSLL e
IRPJ. "Ainda precisamos fazer
um levantamento de todos os
processos. Sei que nos novos
contratos nós já mandamos retirar esses tributos", disse Melo. Anteontem ele entregou ao
diretor-geral-adjunto do Senado, Luciano de Souza Gomes,
uma cópia de outro acórdão do
TCU que também recomenda o
fim do pagamento dos tributos.
Apuração
Por amostragem, a Secretaria de Controle Interno analisou o contrato que o Senado
mantém com a terceirizada Adservis, empresa que fornece
mão de obra para a Rádio Senado, Técnica de Eletrônica, Taquigrafia e ILB (Instituto Legislativo Brasileiro) pelo valor
anual de R$ 4.286.076.
Segundo os técnicos de controle, o Senado gastou só nesse
contrato R$ 280 mil a mais do
que deveria.
O contrato com a Adservis foi
assinado em 1º de outubro de
2004 pelo então diretor-geral
do Senado Agaciel da Silva
Maia. De lá para cá foram feitos
12 aditamentos, que incluem
prorrogações e reajuste dos valores previstos.
A última prorrogação deu-se,
por mais um ano, em outubro
passado. Na oportunidade, já
havia a determinação do TCU
para renegociar o fim da cobrança de CSLL e IRPJ. No entanto, o contrato foi prorrogado sem a correção.
O primeiro-secretário da Casa, senador Heráclito Fortes
(DEM-PI), determinou auditorias nos contratos de empresas
terceirizadas, principalmente
após a deflagração da crise no
Senado em março deste ano
quando Agaciel Maia foi demitido da Diretoria Geral.
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