São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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Envolvimento político é consequência

DA AGÊNCIA FOLHA

Alvo de investigação no Espírito Santo há mais de um ano, a infiltração do crime organizado nas instâncias políticas estaduais voltou à cena depois que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Acre tentou cassar a candidatura à reeleição do governador petista Jorge Viana. Mesmo revogada, a decisão levantou suspeitas sobre a isenção do órgão.
Jorge Viana se elegeu com a bandeira da moralização, em 1998, quando o Estado acumulava um histórico de violência política e corrupção policial.
Liderado pelo deputado federal cassado Hildebrando Paschoal, condenado e preso, o "esquadrão da morte" se legitimava dando proteção a poderosos, conforme trata o capítulo sobre a Amazônia Ocidental da Unesco.
Segundo o pesquisador Roberto Araújo, o poder local se formou por meio do tráfico. O envolvimento político surgiu como consequência. "O caso do Acre permite destacar essa participação das estruturas policiais nas atividades ilícitas e na distribuição urbana da droga com mais força."
A pesquisa também aponta para a substituição da economia formal por atividades ligadas ao tráfico de drogas nas cidades que perfazem as rotas da droga com a decadência do ciclo da borracha, no final dos anos 80.
O secretário estadual de Segurança Pública do Acre, Cassiano Marques, afirma que o Estado combate o narcotráfico e o crime organizado e amplia investimentos e fortalecendo ações.
"No Acre, como no restante do Brasil, trabalhar em qualquer uma das estruturas do tráfico de entorpecentes é muito mais convidativo para a juventude que a economia formal. Mas o combate tem sido sistemático. O número de prisões na Penitenciária de Rio Branco subiu de 320, em 99, para mais de 1.000 hoje. As detenções por tráfico são proporcionais."
Segundo o porta-voz do governador José Bianco (PFL), Paulo Queiroz Bezerra, de Rondônia, a influência do tráfico que ainda existe no Estado, citada na pesquisa, "é residual". "[O tráfico] não chega a monopolizar a atenção da segurança local, divide o mesmo patamar de outros problemas. O governo combate o consumo no varejo, as fronteiras são competência federal." (AC)


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