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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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PROTESTO ROUCO

Para o presidente da entidade, d. Geraldo Majella, miséria leva movimentos sociais a uma situação explosiva

Tensão social é "panela de pressão", diz CNBB

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, 67, disse ontem que os conflitos sociais registrados no Brasil "formam uma panela de pressão que está prestes a explodir".
"A miséria é muito grande, os movimentos sociais formam uma panela de pressão que está prestes a explodir. A pobreza está à vista de todos. Os conflitos sociais, registrados ultimamente, apenas demonstram que a sociedade quer mudar e necessita de mudanças", disse o arcebispo de Salvador, após assistir ao desfile cívico do Dia da Independência, ao lado do governador Paulo Souto (PFL) e do prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PFL).
A entidade presidida pelo cardeal é a principal organizadora do Grito dos Excluídos, que ontem realizou a sua oitava manifestação consecutiva nas principais cidades brasileiras.
Por "absoluta falta de segurança", de acordo com os comandantes da PM, Marinha e Aeronáutica, o desfile foi encerrado com 50 minutos de antecedência.
Escoltado por dois seguranças até chegar ao carro, d. Geraldo disse que os protestos estudantis que tomaram conta das ruas e avenidas de Salvador desde a última segunda podem ganhar o país. "É claro que as manifestações podem chegar às grandes cidades. Não são somente os estudantes de Salvador que não têm dinheiro para pagar a passagem de ônibus", declarou.
Na capital baiana, os estudantes protestam para forçar o prefeito Imbassahy a revogar o decreto que reajustou o preço da tarifa há uma semana para R$ 1,50 -antes, a passagem custava R$ 1,30.
Para o arcebispo, medidas urgentes devem ser tomadas para evitar a "explosão" da panela de pressão. "O presidente Lula, os governadores, os prefeitos e a sociedade civil precisam se unir para evitar que o pior aconteça."
Segundo o cardeal, o governo baiano agiu corretamente, ao solicitar que a PM atuasse de forma moderada nas manifestações organizadas pelos estudantes.

Grito dos Excluídos
Em todo o país, segundo os organizadores, participaram dos atos cerca de 2 milhões de pessoas, em 340 localidades. A organização do Grito dos Excluídos é feita por entidades civis e religiosas, entre elas CNBB, pastorais e movimentos sociais.
Nas manifestações, os organizadores aproveitaram para encerrar o recolhimento de assinaturas para o abaixo-assinado que pede um plebiscito sobre a Alca, que deverá ser entregue a Lula no dia 16. Como parte da luta contra a Alca, foi lançado ontem um boicote nacional aos produtos oriundos dos EUA. (LUIZ FRANCISCO)


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