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PROTESTO ROUCO
Para o presidente da entidade, d. Geraldo Majella, miséria leva movimentos sociais a uma situação explosiva
Tensão social é "panela de pressão", diz CNBB
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, 67, disse ontem que os conflitos sociais registrados no Brasil
"formam uma panela de pressão
que está prestes a explodir".
"A miséria é muito grande, os
movimentos sociais formam uma
panela de pressão que está prestes
a explodir. A pobreza está à vista
de todos. Os conflitos sociais, registrados ultimamente, apenas
demonstram que a sociedade
quer mudar e necessita de mudanças", disse o arcebispo de Salvador, após assistir ao desfile cívico do Dia da Independência, ao
lado do governador Paulo Souto
(PFL) e do prefeito de Salvador,
Antonio Imbassahy (PFL).
A entidade presidida pelo cardeal é a principal organizadora do
Grito dos Excluídos, que ontem
realizou a sua oitava manifestação
consecutiva nas principais cidades brasileiras.
Por "absoluta falta de segurança", de acordo com os comandantes da PM, Marinha e Aeronáutica, o desfile foi encerrado com 50
minutos de antecedência.
Escoltado por dois seguranças
até chegar ao carro, d. Geraldo
disse que os protestos estudantis
que tomaram conta das ruas e
avenidas de Salvador desde a última segunda podem ganhar o
país. "É claro que as manifestações podem chegar às grandes cidades. Não são somente os estudantes de Salvador que não têm
dinheiro para pagar a passagem
de ônibus", declarou.
Na capital baiana, os estudantes
protestam para forçar o prefeito
Imbassahy a revogar o decreto
que reajustou o preço da tarifa há
uma semana para R$ 1,50 -antes, a passagem custava R$ 1,30.
Para o arcebispo, medidas urgentes devem ser tomadas para
evitar a "explosão" da panela de
pressão. "O presidente Lula, os
governadores, os prefeitos e a sociedade civil precisam se unir para evitar que o pior aconteça."
Segundo o cardeal, o governo
baiano agiu corretamente, ao solicitar que a PM atuasse de forma
moderada nas manifestações organizadas pelos estudantes.
Grito dos Excluídos
Em todo o país, segundo os organizadores, participaram dos
atos cerca de 2 milhões de pessoas, em 340 localidades. A organização do Grito dos Excluídos é
feita por entidades civis e religiosas, entre elas CNBB, pastorais e
movimentos sociais.
Nas manifestações, os organizadores aproveitaram para encerrar
o recolhimento de assinaturas para o abaixo-assinado que pede um
plebiscito sobre a Alca, que deverá ser entregue a Lula no dia 16.
Como parte da luta contra a Alca,
foi lançado ontem um boicote nacional aos produtos oriundos dos
EUA.
(LUIZ FRANCISCO)
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