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JANIO DE FREITAS
Mais pistas, menos pressa
Menos espalhafatosas do
que as revelações em depoimentos, as descobertas pelo
exame de documentos já abrem,
no entanto, pistas valiosas e, em
certos casos, mais promissoras
das explicações que os depoimentos sonegaram às CPIs.
O exame dos telefonemas, por
exemplo, já dá informações
importantes, embora longe de
sua conclusão. As fontes de recursos para as operações de Valério/PT continuam obscuras,
de uma parte, porque os tão falados empréstimos até hoje não
estão comprovados; de outra,
pelos vários indícios da utilização da publicidade governamental e dos negócios de estatais para alimentar o caixa operado por Delúbio e Valério.
Em resposta preliminar à busca de fontes, os telefonemas
identificados já fazem uma indicação objetiva.
A par das 121 ligações de Delúbio para setores da Presidência,
por si mesmas sugestivas da negada conexão operacional de
PT e Planalto, as 144 ligações
dos Correios, sobretudo de sua
presidência, para Delúbio dão
indícios muito menos políticos
do que comerciais. Telefonemas
de Delúbio para setores financeiros dos Correios também foram encontrados. E não foi senão pelos Correios que começou, com vídeo e voz, o escândalo que une corrupção e alianças
políticas feitas pelo governo
Lula.
Esse fruto inicial da quebra de
sigilos telefônicos faz duas demonstrações. Uma delas é o
quanto há ainda de pistas potenciais e de pistas percebidas
mas intactas. A outra, decorrente da anterior, é a impropriedade da recente e enfática afirmação do presidente da CPI dos
Correios, senador Delcídio
Amaral, a propósito de possível
prorrogação das investigações:
"De novembro não passa". A rigor, sua frase levaria um ponto
de exclamação.
Jornalistas já afirmaram que
o petista Delcídio Amaral, chamado ao Planalto na semana
passada, recebeu de Lula o pedido, ou a recomendação, de encurtar a duração da CPI tanto
quanto possa. Não consta confirmação do pedido, nem a ação
de Delcídio Amaral na CPI suscitou, até aqui, críticas mais
graves. Mas, seja lá pelo que for,
sua predisposição existe e não
tem cabimento.
O dever constitucional de uma
CPI é levar as investigações até o
limite do possível e daí extrair as
conclusões imparciais e adequadas. O contrário disso é a CPI do
Banestado, cuja inconclusão,
depois de tantas trapalhadas
para lá de suspeitas, justificaria
uma CPI para investigar o que
nela ocorreu.
Não há dúvida: há muito a ser
apurado pelas CPIs dos Correios, do Mensalão e dos Bingos
-e muita, muita gente sabe
disso no Congresso, no governo
e fora dos dois. A sua duração
deve ser a da completude da investigação e da compreensão
plena dos fatos.
Sim e não
Tarso Genro esclarece, a propósito de nota da última terça-feira: votará, sim, em Ricardo
Berzoini para presidente do PT,
mas, dado que as votações são
em separado, não o fará na chapa integrada por José Dirceu, a
do Campo Majoritário, para
compor a direção nacional do
partido.
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