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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Sem povo
Na escalada do "Jornal
Nacional", à noite, "vaias e
aplausos".
Na Band News, durante a
transmissão, "vaias e aplausos".
Dizia a Globo News, "alguns
carregavam cartazes contra a
corrupção, já outros apoiavam o
presidente".
Nas rádios Jovem Pan e CBN,
"vaias e aplausos".
No enunciado à tarde na Folha
Online, "Lula ouve vaias e
aplausos". E no Globo Online,
revezando as fotos de um e de
outro grupo em sua home page,
"vaias e aplausos".
Aqui e ali, o registro talvez
mais significativo de que "30 mil
acompanham o desfile, metade
do que era esperado", na Band.
Ou que "30 mil compareceram,
número bem menor do que o
esperado", na Globo.
O mesmo se viu no Grito dos
Excluídos, organizado pela
Conferência dos Bispos e pelos
movimentos sociais, contra a
política econômica, deixando
vazar também para as críticas à
corrupção.
No relato da repórter da Band,
"em Brasília, o Grito foi fraco".
Em São Paulo foi um pouco
maior, como mostrou a Globo,
primeiro na Sé, seguindo depois
para o Ipiranga.
Os petistas estiveram lá, com
Eduardo Suplicy e Ivan Valente
em entrevistas na Globo News e
com Luiz Eduardo Greenhalgh
na Jovem Pan.
Mas foi só em Aparecida, na
basílica, que o Grito fez lembrar
os anteriores em participação. A
Globo contou "40 mil na missa
do trabalhador".
Ainda assim, também lá foi
menos do que o esperado. Antes
se falava em 90 mil.
Em longa entrevista à CBN,
por celular, saindo de Aparecida
pela Dutra, João Pedro Stedile,
do Movimento dos Sem-Terra,
avaliou que a desmobilização
popular é fenômeno histórico,
da última década, mas também
"conjuntural":
- Se agravou com a denúncia
de corrupção, deixando o povo
mais aborrecido. Veja que, no
meio da crise, o povo tem ficado
quieto. Não se manifesta contra
ou a favor do governo Lula. As
manifestações que têm havido
são de militância, nas quais os
setores contra o governo tentam
forçar o "Fora Lula" e os setores
a favor tentam mobilizações de
"Fica Lula". Mas são militantes,
não são massivas.
Quanto aos sem-terra e outros
movimentos:
- Do governo não esperamos
mais nada... Deixe eu esclarecer
melhor. É porque é um governo
ambíguo, que mistura ministros
progressistas com ministros
conservadores. Então, se formos
esperar a iniciativa do governo...
Agora, nós acreditamos que há
tempo ainda, desde que o povo
se mobilize e passe a pressionar
o governo.
Ele quer pressão por mudança
na economia. Só que "o povo"
não quer nem saber. Nem de ato
contra a corrupção nem contra
o neoliberalismo.
Aliás, o registro mais grotesco,
na voz de Fátima Bernardes no
meio da tarde:
- Confusão no desfile de Sete
de Setembro no Recife. Dez mil
assistiam à parada quando um
grupo de punks começou a
agredir a multidão.
Saíram batendo no "povo",
sabe-se lá por quê.
DE ROTINA
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Cena da violência no Rio |
Desde o "Bom Dia
Brasil" até o "Jornal
Nacional", passando
por "RJTV" e demais,
a Globo apresentou o
espetáculo de rotina
-de violência- dos
fins de semana e dos
feriados nas grandes
cidades. Era uma
"ação de bandidos
que montaram uma
falsa blitz para assaltar motoristas" num túnel carioca.
Até chegar a cavalaria, "em tempo real":
- O carro da TV Globo se aproximou e dois ladrões
correram. Um pouco à frente, outro fugiu. Um quarto
integrante do bando saiu do matagal com fuzil na mão.
Com medo, as vítimas ficaram abraçadas.
SEM DUDA
Lula falou em rede, com o discurso esperado, de que
nada vai mudar na economia, apesar da crise -e de que
os culpados devem pagar, até mesmo os "amigos", como
destacavam os sites noticiosos, em seguida.
Mas o que chamou a atenção foi que aos poucos, sem
os cortes de sempre ou a mudança de câmeras, Lula foi
perdendo o fôlego, até terminar quase sem ar.
É a ausência de Duda Mendonça, o encenador.
Para a semana
O "JN" também ouviu, "com
exclusividade", o ex-gerente que
vem denunciando Severino. Foi
parar nas manchetes.
E depois de idas e vindas a
oposição, afinal, "encaminhará
o pedido de cassação":
- Mas só na semana que vem.
Aliás, ontem "manifestantes
protestaram contra Severino em
Copacabana", segundo a CBN.
Para o mês
E Daniel Dantas vem aí, afinal.
Segundo a Folha Online, depois
de idas e vindas também a CPI
dos Correios conseguiu fechar o
"calendário" do mês.
O banqueiro aparece no fim da
fila, dia 21, mas está lá. Ou pelo
menos, como registrou o site,
"está prevista uma audiência".
@- nelsondesa@folhasp.com.br
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