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PT quer resgatar debate sobre a descriminalização do aborto
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O programa de governo do
PT para as mulheres deseja resgatar o debate da descriminalização do aborto e comprometer o segundo mandato de Luiz
Inácio Lula da Silva com a defesa do projeto de lei enviado ao
Congresso há um ano. Mas é incerto que a medida prospere no
caso de reeleição do petista.
A bandeira tem o respaldo de
diretriz aprovada pelo PT em
abril, mas pode sofrer resistências internas até a publicação
do caderno temático "Compromisso com as Mulheres" -que
deve ser editado neste mês.
Coordenador do programa
de governo petista, Marco Aurélio Garcia não quis comentar.
Mas trata-se de ponto pacífico
entre as responsáveis pelo programa setorial.
Segundo Vera Soares, coordenadora do grupo, a idéia é
não deixar o projeto esquecido
na Câmara. "Fizemos o projeto
no primeiro mandato. No segundo, temos que colocar em
debate", disse, ressaltando que
os parlamentares da base têm
voto livre, mas devem ser
"orientados" pelo governo para
não fazer campanha contra.
"É preciso enfrentar o conservadorismo e o machismo e
avançar no debate sobre a legalização do aborto. Sem medo
das pressões religiosas, destacando o caráter laico do Estado
e a necessidade de respeitar o
direito das mulheres de decidirem sobre o seu corpo", defende Maria Angélica Fernandes,
do Diretório Nacional do PT.
Para ela, não deve haver veto
interno à iniciativa. A diretriz
do partido diz: "O governo federal se empenhará na agenda
legislativa que contemple as
demandas desses segmentos da
sociedade, como o Estatuto da
Igualdade Racial, a descriminalização do aborto e a criminalização da homofobia".
O projeto de lei prevê a descriminalização do aborto até a
12ª semana de gestação e amplia a possibilidade de interrupção da gravidez para vítimas de estupro ou pacientes
em grave risco.
O aborto é crime com pena
de um a três anos de prisão. Estima-se que mais de um milhão
de abortos clandestinos sejam
feitos a cada ano no país.
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