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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
FHC afirma que PSDB errou com Azeredo
Ex-presidente ataca Lula e diz que seu partido "tapou sol com a peneira" em relação a tucano acusado de envolvimento com Valério
Em carta aberta, FHC acusa Lula de fazer "gastança"
e diz que petista não tem "condições morais" ao compará-lo com Alckmin
DA REDAÇÃO
Em carta aberta divulgada
ontem no site do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso diz que seu partido errou ao "tapar o sol com a peneira" em relação às acusações de
corrupção que envolveram o
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG).
Presidente do PSDB até outubro de 2005, Azeredo foi acusado de praticar caixa dois na
sua campanha de 1998 com o
auxílio do empresário Marcos
Valério de Souza, depois envolvido no escândalo do mensalão.
Durante a crise do mensalão,
tucanos que acusavam o PT de
corrupção defendiam Azeredo.
Na carta, FHC também ataca
seu sucessor, Luiz Inácio Lula
da Silva, colocando nele a culpa
pelos escândalos de corrupção
que assolaram o governo.
O ex-presidente defende Geraldo Alckmin ao diferenciá-lo
de Lula ("faltam condições morais a um e sobram a outro"),
mas faz uma crítica indireta à
gestão do ex-governador paulista ao falar de segurança. Leia
a seguir trechos do documento:
Mensalão
"Pagar mensalão é crime e
como crime deve ser tratado.
(...) A prática deu-se sob o olhar
benevolente de ministros e
mesmo com a cumplicidade de
alguns deles (...). O próprio presidente, responsável pelos ministros, não tendo atuado para
demiti-los nem depois do fato
sabido, é passível de crime de
responsabilidade. Mais do que
simplesmente corromper pessoas, corrompeu-se uma instituição, o Congresso Nacional."
Azeredo
"É verdade que também somos responsáveis pelo que hoje
se vê: a cada dia mais corrupção; a cada dia, menor reação.
Erramos no início, quando quisemos tapar o sol com a peneira
no caso do senador Azeredo.
(...) Calamos muito tempo e sequer dissemos o que sabemos:
entre os responsáveis pelas finanças de campanha do então
governador estava seu vice, hoje ministro do presidente Lula
[suposta menção a Walfrido
Mares Guia, ministro do Turismo, que fez um empréstimo para que Azeredo pagasse uma dívida com Valério; o vice de Azeredo na época era Clésio Andrade, atualmente vice do governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves]."
Condições morais
"Geraldo Alckmin (...) não
tem que explicar, como Lula,
por que tendo tanto dinheiro
vivo (e quanto!), não paga dívidas. (...) Enfim: faltam condições morais a um e sobram a
outro."
Segurança e PCC
"[Em São Paulo] Nunca se
prendeu tanto (...). Resultado: o
sistema prisional está abarrotado e, há que reconhecer, não
foi capaz de dar tratamento
adequado à massa de presos,
(...) deixando ao PCC espaço
para demagogia em nome da
melhoria de condições de vida
dos prisioneiros. Sem falar no
uso continuado de celulares, da
cumplicidade entre criminosos
e advogados, às vistas cúmplices, algumas vezes, de autoridades carcerárias."
Gastança e benesses
"Agora, diante da conjuntura
eleitoral e para compensar os
anos de carência, veio a bonança às custas do futuro: aumentos de salário, expansão das
bolsas, expansão do crédito, antecipação do décimo-terceiro
salário dos funcionários etc. (...)
A verdade é que há uma gastança irresponsável e um novo inchaço do governo."
Bolsa-Família
"E não devemos temer a Bolsa-Família. Ela não apenas resultou de programas que nós
criamos (...) como vem sendo
desvirtuada pela velocidade
eleitoreira com que cresce e pelo descuido na verificação da
satisfação de requisitos para
sua obtenção. E sobretudo porque tem sido feita no embalo da
pura propaganda eleitoral, tornando um propósito saudável,
pois inauguramos estes programas como um "direito do cidadão", numa benesse do papai-presidente."
Privatizações
"Não podemos continuar
meio envergonhados cada vez
que o PT e seus aliados falam de
"privataria". (...) É preciso dizer
com todas as letras e toda a força que a privatização da Telebrás foi um sucesso absoluto
(...). E dizer também que no setor elétrico houve fracasso (...).
É só ver as estatísticas sobre investimentos no setor (...) para
entender por que vira-e-mexe
fala-se de apagão. Não o de
2001, conseqüência da má gerência e da falta das águas, mas
da falta de investimentos para
geração nova de energia."
Leia a carta em http://www.folha.com.br/062571
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