São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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Exército confirma ameaça de Jobim contra generais

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O Exército confirmou ontem que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ameaçou afastar o comandante Enzo Martins Peri e os demais generais que apoiassem uma eventual nota "fora de tom" contra o governo.
Ontem, no entanto, Jobim e Enzo tentaram demonstrar normalidade no palanque do desfile de Sete de Setembro. E o Exército manteve a decisão de não alimentar a crise.
A confirmação da ameaça foi extra-oficial e acompanhada de uma ressalva: na prática, quem nomeia e afasta os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é o presidente da República, na condição de comandante-em-chefe das Forças Armadas. A Defesa é considerada pelos militares como "intermediadora".
Houve forte tensão na semana passada após o lançamento, no Planalto, de um livro sobre tortura no regime militar. Apór reunir seu Alto Comando, o Exército divulgou nota contra a revisão da Lei da Anistia.
Ontem, o ministro, que ficou ao lado do presidente Lula no palanque, consumiu boa parte do desfile lendo reportagens reunidas pela equipe da Presidência sobre a crise da semana passada entre a Defesa e o Exército e sobre mudanças no sistema de aviação civil no país.
Com expressão grave, o general fez várias ligações de seu celular, enquanto assessores providenciavam cópias dos textos. Ele também cochichou com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. Os três comandantes ficaram do lado esquerdo do palanque, quando visto de frente, e Jobim ficou do lado direito, perto de Lula. Na chegada, pouco antes das 9h, o ministro e o general se cruzaram duas vezes, mas não se falaram.
Já no fim da cerimônia, às 11h10, Jobim cochichou com Lula, atravessou todo o palanque e conversou por cerca de 15 minutos com Enzo, Saito e o comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto. Deu especial atenção a Enzo, como se posasse para os fotógrafos, que estavam do outro lado da avenida. Os dois se falaram bastante, gesticularam, apontaram detalhes do desfile. No final, Jobim cumprimentou um a um e voltou para seu lugar.
O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse que o ministro e os militares ficaram distantes no palanque por uma formalidade do cerimonial. "Está tudo normal, tudo tranqüilo", afirmou.


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