São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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ACM declara voto em Lula no 2º turno

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Luiz Inácio Lula da Silva terá na Bahia um de seus eleitores mais improváveis: Antonio Carlos Magalhães, o cacique do PFL que acaba de ser devolvido ao Senado pelas urnas baianas. "Pretendo dar o meu voto ao Lula", diz.
Se depender de sua vontade, o PFL não dará apoio formal ao tucano José Serra (PSDB). Defende que o partido libere os seus integrantes. "Cada um vai para o caminho que achar mais conveniente." ACM diz que vai levar para o Congresso, em janeiro, um cesto com 26 votos: o seu próprio, os de outros dois senadores e 23 deputados. "Esse é o meu peso."
 

Folha - Qual é o peso político do ACM que retorna a Brasília depois de ter renunciado ao mandato?
Antonio Carlos Magalhães -
Meu peso político é igual ao de qualquer senador. Apenas volto com uma bancada muito forte na Câmara, de 22 deputados do PFL, um do PL e com as três cadeiras de senador pela Bahia. Sem contar os amigos que me ouvem e me atendem mesmo não sendo do meu Estado. Esse é o meu peso.

Folha - O PFL saltou da canoa de FHC para afogar-se abraçado a Roseana Sarney. Em seguida, suas principais lideranças, o sr. inclusive, foram à lona com Ciro Gomes. O que foi feito do famoso faro político do seu partido?
ACM -
As circunstâncias às vezes falam mais alto do que a conveniência política. Muitas vezes somos prisioneiros das circunstâncias.

Folha - Dividido, o PFL se reúne nesta quarta-feira para decidir o que fazer no segundo turno. O sr. quer a liberação e Marco Maciel defende o alinhamento a José Serra. Quem leva?
ACM -
Não sei quem leva. Não irei à reunião. Serei representado pelo ACM Jr. e pelo Paulo Souto. Defendo a mesma posição do primeiro turno: abertura total, cada um vai para o caminho que achar mais conveniente.

Folha - O sr. irá com quem?
ACM -
Pretendo dar o meu voto ao Lula. O que não me impediria de fazer oposição ao Lula passada a eleição, salvo nos projetos que julgue de interesse nacional.

Folha - Não é contraditório que alguém com seu perfil vote em Lula?
ACM -
Não. As teses que eu defendo foram abraçadas pelo PT: a erradicação da pobreza, o fim das desigualdades regionais, o orçamento impositivo, correção do Judiciário.

Folha - Ao resistir à aliança com Serra, que muitos no seu partido consideram mais natural, o sr. não estaria fazendo política com o fígado?
ACM -
Não faço política com o fígado. Se fizesse, não ganharia tanto. Não tenho mágoas contra o Serra. Quem está magoado com o Serra é a Bahia e o Nordeste.

Folha - O PFL está preparado para a eventualidade de ter de fazer oposição?
ACM -
Creio que sim. Só não faremos oposição ao Brasil. Saberemos votar a favor do país, quando a proposta for boa. Não importa que o presidente seja Serra ou Lula.



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