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ACM declara voto em Lula no 2º turno
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Luiz Inácio Lula da Silva terá na
Bahia um de seus eleitores mais
improváveis: Antonio Carlos Magalhães, o cacique do PFL que
acaba de ser devolvido ao Senado
pelas urnas baianas. "Pretendo
dar o meu voto ao Lula", diz.
Se depender de sua vontade, o
PFL não dará apoio formal ao tucano José Serra (PSDB). Defende
que o partido libere os seus integrantes. "Cada um vai para o caminho que achar mais conveniente." ACM diz que vai levar para o Congresso, em janeiro, um
cesto com 26 votos: o seu próprio,
os de outros dois senadores e 23
deputados. "Esse é o meu peso."
Folha - Qual é o peso político do
ACM que retorna a Brasília depois
de ter renunciado ao mandato?
Antonio Carlos Magalhães - Meu
peso político é igual ao de qualquer senador. Apenas volto com
uma bancada muito forte na Câmara, de 22 deputados do PFL,
um do PL e com as três cadeiras
de senador pela Bahia. Sem contar os amigos que me ouvem e me
atendem mesmo não sendo do
meu Estado. Esse é o meu peso.
Folha - O PFL saltou da canoa de
FHC para afogar-se abraçado a Roseana Sarney. Em seguida, suas
principais lideranças, o sr. inclusive, foram à lona com Ciro Gomes. O
que foi feito do famoso faro político do seu partido?
ACM - As circunstâncias às vezes
falam mais alto do que a conveniência política. Muitas vezes somos prisioneiros das circunstâncias.
Folha - Dividido, o PFL se reúne
nesta quarta-feira para decidir o
que fazer no segundo turno. O sr.
quer a liberação e Marco Maciel defende o alinhamento a José Serra.
Quem leva?
ACM - Não sei quem leva. Não
irei à reunião. Serei representado
pelo ACM Jr. e pelo Paulo Souto.
Defendo a mesma posição do primeiro turno: abertura total, cada
um vai para o caminho que achar
mais conveniente.
Folha - O sr. irá com quem?
ACM - Pretendo dar o meu voto
ao Lula. O que não me impediria
de fazer oposição ao Lula passada
a eleição, salvo nos projetos que
julgue de interesse nacional.
Folha - Não é contraditório que
alguém com seu perfil vote em Lula?
ACM - Não. As teses que eu defendo foram abraçadas pelo PT: a
erradicação da pobreza, o fim das
desigualdades regionais, o orçamento impositivo, correção do
Judiciário.
Folha - Ao resistir à aliança com
Serra, que muitos no seu partido
consideram mais natural, o sr. não
estaria fazendo política com o fígado?
ACM - Não faço política com o fígado. Se fizesse, não ganharia tanto. Não tenho mágoas contra o
Serra. Quem está magoado com o
Serra é a Bahia e o Nordeste.
Folha - O PFL está preparado para
a eventualidade de ter de fazer
oposição?
ACM - Creio que sim. Só não faremos oposição ao Brasil. Saberemos votar a favor do país, quando
a proposta for boa. Não importa
que o presidente seja Serra ou Lula.
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