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NO AR
Apoio tem preço
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A mulher de Garotinho
venceu no Rio, então ele esqueceu a história de questionar
a votação -e iniciou novo jogo,
em que Lula, de um jeito ou de
outro, é seu alvo.
Dizia Garotinho ontem:
- Ou ele vai querer o nosso
apoio, o apoio da esquerda, e vai
governar conosco, ou ele vai
querer o apoio do PFL.
Boris Casoy, ao ouvir, sorriu e
disse que o que importava na
declaração era o trecho "vai governar conosco":
- O apoio de Garotinho a Lula tem um preço.
Lula está perto demais do poder e passa a sofrer as pressões
que FHC conheceu tão bem. Para ter apoio, precisa comprar,
politicamente.
Seja quem for, da "esquerda"
de Garotinho ao PFL, o petista
terá que ceder parte do poder,
no caso, uma parte grande. Do
contrário, observou Casoy, sempre com ironia:
- Garotinho vai ficar aguardando a próxima.
Ciro, que parecia tão simpático a Lula, vai na mesma linha.
Já adiou a entrevista coletiva em
que, supostamente, anunciaria
o apoio ao petista.
Ele, a exemplo do "socialista"
Garotinho, adotou a desculpa
de esperar a decisão partidária
-como se, estabelecidos de vez
como líderes nacionais, ainda
quisessem ouvir Roberto Freire
ou Miguel Arraes.
Enéas é uma invenção do comediante Jô Soares, ainda na
primeira eleição presidencial
depois da ditadura.
Como tantos políticos de discurso histriônico na forma e extremista no conteúdo, tem um
pé no teatro. Foi no programa
de Jô, então no SBT, que foi
apresentado como engraçado e
inofensivo.
Pois aí está, segundo a Globo:
- Um discurso nervoso e acelerado. Um jargão que se tornou
conhecido e mais de 1,5 milhão
de votos. Enéas é o deputado federal que teve mais votos na história do país.
O mesmo Enéas que em 94 seduzia militares e comparecia ao
mesmo Jô, assustado com sua
criação. Do apresentador:
- Enéas, eu fui a primeira
pessoa a abrir espaço para você.
Mas não posso deixar de sentir
um certo, desculpe a palavra,
autoritarismo.
E Enéas:
- Sem isso não se endireita o
Brasil.
Em 98, ele bradava:
- PSDB, PT, qualquer P. Se o
senhor quer expulsar para sempre esses patifes do poder, só
existe uma opção.
A opção era ele, que parece,
mas não é engraçado.
A Globo descrevia a situação
de Paulo Maluf:
- Foi a terceira derrota eleitoral seguida. A maior derrota
em 12 anos.
Em entrevistas, o político falava das três décadas que passou
longe da família e acenava com
aposentadoria:
- Chegou a hora de fazer um
pouco de companhia para eles.
Acredite se quiser.
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