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Procurador da Fazenda no Rio admite
sumiço de processos contra empresa
DA SUCURSAL DO RIO
O procurador-chefe da Fazenda
Nacional no Rio, Rodrigo Dardeau Vieira, admitiu ontem que
há indícios de participação de integrantes da Procuradoria no suposto esquema de fraudes contra
a Receita Federal no Estado.
Ele confirmou o sumiço, há dois
anos, de quatro processos administrativos contra a empresa Pan-Americana S/A Indústrias Químicas. Mas afirmou que, mesmo
com o extravio, os processos continuaram normalmente, pois não
teriam sido apagados do sistema.
Dardeau admitiu ser possível
que o sumiço tenha "alguma vinculação" com a suposta quadrilha
de fraudadores do fisco, que seria
formada por advogados, despachantes e servidores da Receita e
do INSS no Rio. Em investigações
da Polícia Federal e da Corregedoria da Receita, a quadrilha é
suspeita de ter causado prejuízo
de R$ 250 milhões ao fisco.
Dardeau anunciou a criação de
um grupo, formado por cinco
procuradores, para investigar se
há ligação da suposta quadrilha
com servidores do órgão. O procurador-geral da Fazenda Nacional, Manoel Felipe Brandão, deve
ir ao Rio nesta semana para encontrar-se com o juiz da 3ª Vara
Federal Criminal, Lafredo Lisboa,
responsável pelo caso.
Segundo o corregedor-geral da
Receita, Moacir Leão, os quatro
processos somariam cerca de R$ 7
milhões. Dardeau contesta. Diz
ter reconstituído três processos
no valor de R$ 5,2 milhões.
O procurador disse que, em tese, seria "natural" que os supostos
fraudadores tivessem tentado estender a fraude para a procuradoria, que é responsável de cobrar
judicialmente dívidas de devedores que não as quitaram na Receita. Para ele, o sumiço dos processos da Pan-Americana podem ter
beneficiado a empresa em algumas situações, apesar dos créditos
devidos não terem sido apagados
do sistema. Dardeau afirmou que
a questão mais importante é saber
se o sistema foi violado.
Em nota divulgada ontem, a
Pan-Americana disse que não tirou "proveito algum no desaparecimento de qualquer processo na
repartição" e que todas as suas dívidas com a Receita estão sendo
contestadas na Justiça federal.
Dos 27 supostos fraudadores
que tiveram mandado de prisão
decretado na semana passada, 18
foram presos. Destes, 16 foram
soltos após o fim do prazo de cinco dias da prisão provisória,dois
continuam detidos e um está foragido. Os presos são o delegado
da Derat (Delegacia de Arrecadação Tributária) do Rio, José Góes
Filho, e a advogada Graciete Barbosa da Silva, que estava foragida
e se entregou no fim da tarde de
ontem. A única foragida é a auditora Vera Lúcia Quintella.
Silva disse que é inocente e culpou o despachante Alberto da Silva Corrêa Neto por tê-la envolvido no caso. Ele seria um dos principais elos entre os advogados da
suposta quadrilha e Góes Filho.
"O que aconteceu comigo poderia ter acontecido com qualquer
um. Não sabemos o que está escrito na testa de ninguém", afirmou. A representação da PF que
serviu de base para pedir a prisão
do grupo diz que Silva teria "grande penetração no meio empresarial" e teria levado "vários clientes" para o despachante.
(FABIANA CIMIERI E MURILO FIUZA DE MELO)
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