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CAMINHO DAS ÁGUAS
Meta é iniciar projeto no São Francisco em novembro, apesar de liminar que impede Ibama de conceder licença
Cronograma de obra não terá prejuízo, diz Ciro
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se aberto ao diálogo, o
ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional), responsável pelo comando do projeto de transposição do rio São Francisco, observou ontem que não considera
prejudicado o plano do governo
de começar em novembro as
obras de construção de mais de
700 quilômetros de canais de concreto no semi-árido nordestino.
Antes de negociar o fim da greve
de fome do frei Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), a intenção do governo era começar a
obra assim que ela obtivesse licença de instalação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis). A meta é concluir metade da
primeira etapa do projeto nos 14
meses que faltam para o final do
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Ainda não considero [o cronograma] prejudicado, mas isso depende de coisas que não estão na
nossa governança", afirmou o ministro, numa referência à liminar
que foi concedida anteontem pela
Justiça Federal da Bahia contra a
licença prévia que fora dada anteriormente pelo Ibama.
Novo encontro
O primeiro desdobramento do
fim da greve de fome do bispo de
Barra foi o envio de um ofício do
Ministério de Integração Nacional para o presidente da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), no qual é pedido que
um novo encontro com a entidade seja agendado por dom Geraldo Majella Agnelo.
"O projeto tem despertado muitas paixões, o que é natural, e, infelizmente, muitas desinformações", afirma o ofício assinado
por Ciro Gomes.
O ministro sugeriu que o bispo
de Barra seria um dos mal-informados sobre o projeto de transposição do rio: "Alguém deve ter
mostrado um projeto falso ao bispo, ou ele não diria que a água [da
transposição] é para grandes projetos", afirmou Ciro.
No ofício, o ministro lembra
que não é a primeira vez que o
projeto de transposição é debatido com os bispos. Uma primeira
reunião ocorreu em 29 de setembro de 2004.
Segundo Ciro Gomes, o debate
sobre a mais recente versão do
projeto começou há quase três
anos e, reaberto, não encontra limites. "Não temos problema em
alterar o projeto se percebermos
algum equívoco."
"Muito seguro"
Durante quase duas horas de
entrevista, no entanto, o ministro
insistiu em que o projeto está
"muito seguro" e "muito estudado". Ciro disse não acreditar na
necessidade de apoio unânime
para o início das obras e sugeriu
que parte da oposição ao projeto
"tem motivação subalterna, de
natureza política", e seria provocada pela disputa eleitoral. "Do
ponto de vista técnico, estamos
prontos para começar amanhã a
obra", observou.
O encontro com a CNBB ainda
não tem data marcada, assim como uma eventual ida de dom Luiz
a Brasília para reunir-se com o
presidente Lula.
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