São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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CAMINHO DAS ÁGUAS

Meta é iniciar projeto no São Francisco em novembro, apesar de liminar que impede Ibama de conceder licença

Cronograma de obra não terá prejuízo, diz Ciro

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dizendo-se aberto ao diálogo, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), responsável pelo comando do projeto de transposição do rio São Francisco, observou ontem que não considera prejudicado o plano do governo de começar em novembro as obras de construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto no semi-árido nordestino.
Antes de negociar o fim da greve de fome do frei Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), a intenção do governo era começar a obra assim que ela obtivesse licença de instalação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A meta é concluir metade da primeira etapa do projeto nos 14 meses que faltam para o final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Ainda não considero [o cronograma] prejudicado, mas isso depende de coisas que não estão na nossa governança", afirmou o ministro, numa referência à liminar que foi concedida anteontem pela Justiça Federal da Bahia contra a licença prévia que fora dada anteriormente pelo Ibama.

Novo encontro
O primeiro desdobramento do fim da greve de fome do bispo de Barra foi o envio de um ofício do Ministério de Integração Nacional para o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), no qual é pedido que um novo encontro com a entidade seja agendado por dom Geraldo Majella Agnelo.
"O projeto tem despertado muitas paixões, o que é natural, e, infelizmente, muitas desinformações", afirma o ofício assinado por Ciro Gomes.
O ministro sugeriu que o bispo de Barra seria um dos mal-informados sobre o projeto de transposição do rio: "Alguém deve ter mostrado um projeto falso ao bispo, ou ele não diria que a água [da transposição] é para grandes projetos", afirmou Ciro.
No ofício, o ministro lembra que não é a primeira vez que o projeto de transposição é debatido com os bispos. Uma primeira reunião ocorreu em 29 de setembro de 2004.
Segundo Ciro Gomes, o debate sobre a mais recente versão do projeto começou há quase três anos e, reaberto, não encontra limites. "Não temos problema em alterar o projeto se percebermos algum equívoco."

"Muito seguro"
Durante quase duas horas de entrevista, no entanto, o ministro insistiu em que o projeto está "muito seguro" e "muito estudado". Ciro disse não acreditar na necessidade de apoio unânime para o início das obras e sugeriu que parte da oposição ao projeto "tem motivação subalterna, de natureza política", e seria provocada pela disputa eleitoral. "Do ponto de vista técnico, estamos prontos para começar amanhã a obra", observou.
O encontro com a CNBB ainda não tem data marcada, assim como uma eventual ida de dom Luiz a Brasília para reunir-se com o presidente Lula.


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