São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Massa dos que ganham até R$ 700 dá vantagem a Lula

Petista supera Alckmin entre os 47% com renda familiar até dois salários mínimos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva larga na frente no segundo turno da eleição presidencial empurrado pelos eleitores mais pobres. Das quatro faixas de renda pesquisadas pelo Datafolha, é apenas na mais baixa, aquela dos que têm renda familiar de até R$ 700, que o petista consegue superar Geraldo Alckmin. Para além das divisões estritas de renda, Lula e Alckmin também dividem o país quando se trata da cor declarada dos eleitores e da escolaridade. Brancos, ricos e com nível superior pendem para Alckmin. Pretos, pobres e eleitores com somente o nível fundamental apóiam, majoritariamente, o presidente Lula.

FLÁVIA MARREIRO
RAFAEL CARIELLO

DA REPORTAGEM LOCAL

São os eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos que garantem a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante de Geraldo Alckmin (PSDB) registrada na primeira pesquisa sobre a disputa presidencial feita no segundo turno, nas últimas quinta e sexta-feira, pelo Datafolha.
Se Lula, no total de entrevistados, tem 50% das intenções de voto contra 43% das preferências para Alckmin, ele no entanto só mantém a dianteira em apenas uma das quatro faixas de renda pesquisadas.
Entre os que têm renda mais baixa, o petista registra 59% das intenções de voto, contra 34% para Alckmin. Já entre os eleitores que compõem a faixa dos 2 aos 5 salários mínimos, o tucano aparece com 49%, e Lula, 45%. Entre 5 e 10 salários mínimos, o candidato do PSDB tem 51%, e o do PT, 41%. Na faixa dos que têm renda de mais de 10 salários, Alckmin aparece com 69%, contra 24% de Lula.
Isso termina por criar, segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, "o pleito, desde a volta das eleições diretas, em que mais claramente os diferentes estratos do eleitorado tomam posição".
Segundo o Datafolha, os eleitores com renda de até dois mínimos representam 47% do total. Considerando-se tal fatia, o instituto calcula que 28 pontos dos 50% das intenções de voto para por Lula provêm dos eleitores de renda mais baixa; 16 pontos dos que ganham entre 2 e 5 salários, quatro pontos dos que têm renda entre 5 e 10 salários, e um ponto dos que ganham mais de dez salários.
No caso de Alckmin, dos seus 43%, 16 pontos vêm dos que ganham até dois salários mínimos. Dezessete pontos dos eleitores que têm renda entre 2 e 5 salários mínimos. Cinco dos que recebem entre 5 e 10 salários. E três pontos dos que ganham acima de 10 salários.
De certo modo, Lula tinha razão ao dizer que pode "andar pelas pernas" do povo. Descontados os pontos acrescentados ao seu percentual pelos mais pobres, ele totalizaria 22% dos votos. Feito o mesmo exercício hipotético com Alckmin, o tucano se sairia com 27%.
Na divisão por regiões -em que no primeiro turno Alckmin ganhava no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste-, considerada a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o tucano sai na frente no Sul (57% contra 33% de Lula), empata no Sudeste (47% contra 45%), mas perde no Nordeste (onde o presidente tem 67%, e o tucano, 28%) e no Norte e Centro-Oeste, onde, considerados juntos, Lula tem 50% dos votos, e Alckmin, 44%.

Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Não quero dividir a sociedade em ricos e pobres, diz Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.