São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

PSDB em SP não tem "dedazo" nem "coronel", afirma Serra

Tucano diz que "ninguém poderia impor" a Kassab ou Alckmin que "desistisse de concorrer"

Ele admite que campanha deixa feridas, mas diz que a legenda não está fraturada; "as fissuras vão desaparecer em pouco tempo", avalia


Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Kassab e Serra, durante vistoria de obras do Complexo Anhangüera, na região de Osasco

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra, afirmou ontem à Folha que está à disposição da equipe de campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM) para o segundo turno. Questionado se não poderia ter evitado a crise interna, disse: "No PSDB em São Paulo, não somos partido de coronéis, não pratico "dedazo" [indicação de presidentes por antecessores no México]".

 


KASSAB
Lembrando que Kassab manteve sua equipe, Serra afirma que o prefeito "faz um trabalho muito bom, que deve continuar".
"Claro que vou apoiar o Kassab, neste segundo turno, da mesma forma que apoiaria o Alckmin", afirmou Serra, acrescentando: "Como vou apoiar? Dentro das limitações do cargo de governador, atenderei às solicitações da sua equipe de campanha".
Serra disse que a permanência de tucanos na prefeitura serviu para evitar que o programa escolhido em 2004 "não sofresse atrasos nem interrupções". "Fui eleito prefeito; tinha, portanto, uma enorme responsabilidade pelo que viria a ocorrer nos quatro anos do mandato", justificou.

"DEDAZO"
Em resposta aos que o acusam de omissão durante a crise do PSDB, Serra afirma:
"Fiz tudo o que podia para evitar que o nosso campo se dividisse, mas não foi possível. Tanto Alckmin quanto Kassab tinham legitimidade para disputar a prefeitura".
O governador listou os motivos que legitimaram a candidatura de cada um. E concluiu: "Ninguém poderia impor a um ou a outro que desistisse de concorrer. A política em São Paulo não é assim. No PSDB em São Paulo, não somos partido de coronéis, não pratico o "dedazo". Não existe um dono que inventa e desinventa candidaturas a seu bel-prazer".

ALCKMIN
Posto sempre sob suspeição, Serra reafirma ter apoiado a campanha de Alckmin. "Declarei meu voto no Alckmin, gravei meu apoio já para o primeiro programa de TV e rádio dele. Nunca subi em palanque de adversário do candidato do meu partido. Nem agora nem no passado", disse.
Ele rechaçou a tese de que a eleição de Alckmin seria empecilho à sua eventual candidatura à Presidência em 2010. "É uma bobagem, uma ilação, uma precipitação. Não tem seqüela nenhuma de 2006."

FERIDAS
Admitindo feridas da campanha, recomendou: "Estamos no meio da disputa. Não é hora de ficar remoendo nem de analisar motivações, acertos e equívocos passados. É hora de decisão e de ação. A reflexão vem depois", sugeriu.
Recorrendo ao título de "Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos", livro de Rubem Fonseca, para descrever o momento eleitoral, Serra afirmou que "agora é preciso convergir, tocar em frente e vencer". "Ao contrário do que alguns pensam, o PSDB em São Paulo não está fraturado. As fissuras vão desaparecer em pouco tempo. É o que nossos eleitores esperam de nós."

LULA
O governador disse que discorda da idéia de que o segundo turno seja uma disputa entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Primeiro, porque seria pretensioso da minha parte. Segundo, porque a dinâmica da eleição será municipal." Serra afirmou que ele e o presidente participarão da campanha. "Mas nada disso terá um peso decisivo. Ainda bem, pois nem o Lula nem eu fomos eleitos para brigar em eleições municipais. Fomos eleitos para governar e temos de cooperar na administração pelo bem do Brasil e de São Paulo, como já tem acontecido", disse Serra.
E acrescentou: "Acredito na vitória do Kassab, mas não vai ser moleza. E não creio que o resultado de 2008 será antecipação ou preliminar de 2010".
Serra duvidou da existência de "um grande eleitor capaz de mover blocos de votos para lá e para cá". "Isso vale para Lula, vale para mim, vale para Aécio, para todos", afirmou.


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