São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

"Eu avisei..."

"Mr. Doom", Nouriel Roubini, enviou e-mail ontem ao site Portfolio, curto e direto: "Nós estamos perto do derretimento financeiro e corporativo total, cara". A única instituição disposta a emprestar é o banco central americano. "Atingimos o ponto em que o Fed é o único banco no país ou, melhor, no mundo."
Lembra os 12 passos que listou em fevereiro, até a "mãe de todos os derretimentos", e diz, sem modéstia: "Estamos agora, como previ, no 12º passo. Desculpe-me por dizer que eu te avisei..." Para quem não leu no site de Roubini ou, depois, na coluna de Martin Wolf, o 12º seria "um círculo vicioso de perdas, liqüidações forçadas, vendas de ativos" a qualquer preço etc.
Seu erro, diz em entrevista ao Council on Foreign Relations, foi prever dois anos, não sete meses.

 

Mas o "Sr. Apocalipse", pela primeira vez, arrisca na direção contrária, de contenção do desastre. No final da semana, defendeu que o Fed dispensasse os bancos e passasse a emprestar diretamente às corporações. Foi o que o Fed fez, ontem. Não basta, afirma Roubini, receitando garantir todos os depósitos e fazer uma "triagem radical entre bancos solventes e insolventes a serem fechados", para começar a conter o desespero -e evitar, não mais recessão, mas depressão global.

"MUDEI DE IDÉIA"
ft.com
Martin Wolf, no "FT", diz que, como os fatos, ele mudou. Que "é hora de resgates amplos", não mais por banco ou país, mas no mundo e de maneira coordenada. E de cortar "um ponto inteiro" nos juros. Aos ministros do G7, avisa que "a história vai julgar" se vão restabelecer a confiança -ou se tornar "os autores de outra Grande Depressão"

"BANK OF USA"
O "FT" se manteve ausente do sobe-e-desce o dia todo, com a manchete on-line de que o Fed já "ignora os bancos e empresta diretamente às empresas, em tentativa sem precedentes de descongelar os mercados de dinheiro". Abaixo, na análise "Banco dos EUA", dizia ser "a coisa certa".
"New York Times" e "Wall Street Journal" focaram Wall Street, que desabou depois do discurso do presidente do Fed, sinalizando cortar juros. O Bank of America caiu 25%.

SEM FIM, SEM FUNDO
O site da "Economist" já vislumbra um "padrão" nos pacotes seguidos de rejeição pelos mercados, num círculo vicioso "sem um fim à vista".
O site MarketWatch, em análise de 160 "newsletters" financeiras, vai por aí. A crise ainda está "sem fundo". Diz que a sensação na segunda era de capitulação frente à crise, mas já havia sido assim dias antes. "Como a revolução", arrisca o site, "a capitulação não vai ser televisionada". Poucos vão perceber, no dia.

KREMLIN, AO RESGATE
kremlin.ru
O presidente russo no videoblog, ontem

No "FT" e outros, a Islândia foi parar ontem nos braços da Rússia. Foi "forçada a buscar injeção de capital russo", mas antes "expressou sua decepção com os aliados ocidentais, que falharam em providenciar apoio para enfrentar a crise". No dizer do primeiro-ministro, sem "nossos amigos, tivemos que procurar novos amigos".
"Guardian" e outros ecoaram o videoblog do presidente russo, Dmitri Medveded, 43, que postou sobre o encontro hoje com líderes ocidentais, onde vai defender "respostas conjuntas às reviravoltas na economia". Na avaliação do jornal, o novo site e a própria performance on-line do jovem líder, que abre o dia lendo sites ocidentais, indicariam um político "pós-soviético".

"W.", O FILME
variety.com
O "Variety" soltou crítica de "W.", a produção de Oliver Stone sobre George W. Bush. Diz que é até "equilibrado", levando em conta tanto diretor como seu personagem. E beira a tragédia

"BUSINESS AS USUAL"
wsj.com
Sob o enunciado "No Brasil, os negócios de sempre muitas vezes envolvem grampo", o "WSJ" deu a Operação Satiagraha na capa, ontem. Relata que a "mania" por escuta vem dos arapongas da ditadura. Mas não alivia "o banqueiro Daniel Dantas", citando a Kroll, que "filmou até o então presidente do Banco do Brasil", na disputa em torno da Brasil Telecom

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@ - Nelson de Sá



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