São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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CRIME ORGANIZADO

CPI vai receber informações nesta semana sobre Ramon Morel, aliado de Fernandinho Beira-Mar

Comissão busca fornecedor de traficante

RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio

A CPI do Narcotráfico vai receber da Polícia Federal, nesta semana, informações sobre o comerciante brasileiro Ramon Morel, estabelecido no Paraguai e apontado pela PF como o maior fornecedor de drogas do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, principal alvo da atual fase da CPI.
De acordo com a PF, a droga comercializada por Beira-Mar no Rio e em outros Estados é produzida em uma fazenda de Morel nos arredores da cidade paraguaia de Capitán Bado, na fronteira com os municípios de Aral Moreira e Coronel Sapucaia (MS).
Agentes federais de Mato Grosso do Sul estimam que, das 30 toneladas de maconha apreendidas pela Superintendência da PF naquele Estado este ano, 90% seriam provenientes da propriedade de Morel e se destinariam a Beira-Mar.
A ligação entre os dois foi confirmada por Deise Valéria Batista, apontada pela polícia do Rio como tesoureira de Beira-Mar. Em depoimento à Polícia Civil, repassado aos integrantes da CPI do Narcotráfico no dossiê preparado pelo governo do Rio, Deise disse ter feito depósitos na conta de "um tal de Ramon" no Banco do Brasil. O presidente da CPI, deputado Magno Malta (PPB-ES), vai oferecer proteção policial a Batista para, segundo ele, estimular novas revelações sobre o funcionamento da quadrilha.
Outro integrante da quadrilha de Beira-Mar, o traficante Saulo de Oliveira, também deverá obter proteção policial.
Segundo levantamento da Polícia Federal, a droga produzida por Morel seria comprada por Beira-Mar ainda no Paraguai e transportada para o Brasil por meio de Kombis e caminhões.
Os carregamentos de droga seguem uma rota que passa por Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, até chegar ao Rio.
A PF perdeu o rastro de Fernandinho Beira-Mar. Até a semana passada, acreditava que ele estivesse no Paraguai, em uma cidade fronteiriça com o Brasil -provavelmente acobertado por Morel.
Mas, com a intensificação das buscas ao traficante -uma equipe de agentes da PF no Rio está em Ponta Porã (MS) para tentar prendê-lo-, devido à importância que vem sendo atribuída a ele nos trabalhos da CPI do Narcotráfico, a PF acha que Beira-Mar mudou seu paradeiro.
O deputado estadual Chico Alencar (PT) vai propor ao plenário da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio), na próxima terça-feira, a formação de uma comissão especial para o acompanhamento dos trabalhos da CPI.
No sábado, a Folha revelou que o nome do deputado estadual Jorge Moreira Theodoro (PFL) foi apontado por uma testemunha ouvida pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado como sendo ligado a Beira-Mar. A informação foi passada pelo Ministério Público aos deputados da CPI e negada por Theodoro.


Colaborou Isabel Clemente, da Sucursal do Rio.


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