São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Sem pauta, pacto de Lula busca "consensos mínimos"

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de reunião com empresarios, sindicalistas e líderes de partidos



Presidente eleito anuncia conselho consultivo em reunião com 150 pessoas

Presidente da Fiesp critica ausência de agenda e foco e vê risco de dispersão



PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a especificação de agenda, número de integrantes e composição, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), formalizou ontem a apresentação do esboço de criação de conselho consultivo, vinculado à Presidência, para tentar a obtenção de "consensos mínimos" para as reformas e políticas de desenvolvimento econômico e social de que o país, segundo ele, precisa.
Durante mais de três horas de reunião com cerca de 150 empresários, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais, Lula, o presidente nacional do PT, José Dirceu, o coordenador da transição, Antônio Palocci Filho, e o senador eleito Aloizio Mercadante traçaram as linhas gerais do que será o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que terá entre 40 e 50 membros, com integrantes e data de reuniões ainda a serem fixados pelo presidente eleito em "curto prazo", como afirmou.
Na reunião, apenas 16 convidados tiveram a oportunidade de explanar suas dúvidas sobre a agenda, formato do conselho e apresentar propostas. Entre eles estavam Horacio Lafer Piva, da Fiesp; Armando Monteiro Neto, da CNI; Gabriel Ferreira, da Febraban; Jorge Gerdau, do grupo Gerdau; o deputado Delfim Netto (PPB); Luiz Fernando Furlan, da Sadia; João Felício, da CUT, e Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical.
Crítico, o presidente da Fiesp elogiou a iniciativa, mas demonstrou "preocupação": "Sem agenda, foco e método, corremos risco da dispersão", disse Piva, que foi chamado por Lula, depois de sua intervenção, para conversa em canto do hotel Intercontinental, em São Paulo, onde foi realizada a reunião. Palocci afirmou que o conselho "não será câmara de negociação salarial" e sim "ambiente de discussão inicial" para a formação de "consensos mínimos" sobre fome, inclusão, crescimento e as reformas tributária, trabalhista, previdenciária, agrária e política, além de questões pontuais do Orçamento.
Lula explicou a prioridade que estabeleceu para seu governo: "Por que a fome, quando todo mundo esperava que indicasse o ministro da Fazenda? Porque estou convencido de que o problema do Brasil é mais político do que econômico", discursou o presidente eleito.


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