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TRANSIÇÃO
LRF diz que é nulo qualquer ato que implique aumento de gasto de pessoal
Lei impede aumento a servidores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso está impedido pela
LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) de sancionar o aumento de
salários dos auditores da Receita
Federal, da Previdência e do Trabalho, aprovado pela Câmara dos
Deputados anteontem.
Os deputados mudaram a medida provisória encaminhada pelo governo federal e criaram um
gasto extra neste ano de cerca de
R$ 46 milhões.
O artigo 21 da lei afirma que é
nulo qualquer ato do titular do
Poder -neste caso, o presidente
da República- que represente
aumento de gasto de pessoal nos
últimos 180 dias de seu mandato.
A lei também proíbe a criação de
despesa que já não esteja prevista
no Orçamento da União. A medida provisória dos auditores da
Receita, aprovada anteontem pela
Câmara, ainda tem de ser votada
pelo Senado Federal.
"O presidente não tem como
sancionar [a medida provisória]
porque será responsabilizado pela legislação", disse o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
De acordo com Madeira, o Palácio do Planalto ainda está analisando o problema. O presidente
pode vetar a MP ele mesmo (e arcar com o ônus político de sua rejeição) ou deixar para o Congresso a tarefa de promulgá-la.
Pressão
Pressionado pelos auditores da
Receita, os deputados aumentaram o salário inicial da categoria
de R$ 4.200 para R$ 4.993 e estenderam os benefícios salariais aos
aposentados. A negociação foi comandada pelo próprio PT.
Ontem, os deputados Walter Pinheiro (PT-BA) e Paulo Rocha
(PT-PA), responsáveis pela negociação com os servidores, disseram que ainda não analisaram a
decisão da Câmara com base na
Lei de Responsabilidade Fiscal.
"O Madeira falou comigo hoje
[ontem]", disse Pinheiro.
Os deputados petistas se reuniram ontem novamente com representantes dos servidores do
Banco Central, do Ministério da
Saúde e da Polícia Federal para
negociar ajustes nas medidas provisórias que tratam da organização das carreiras dessas três categorias funcionais.
Inicialmente, o PT não pretendia fazer mudanças nas medidas
provisórias que representassem
aumento de gastos para o Tesouro, mas depois que abriu exceção
para os auditores, as outras carreiras do funcionalismo aumentaram a pressão sobre a bancada.
Pendências
Pinheiro afirmou ontem que o
PT ainda não assumiu o governo
federal e, por isso, tem poderes limitados para resolver todas as
pendências dos servidores públicos. "O PT só pode resolver o problema dos servidores se o presidente me der o Ministério do Planejamento", disse o deputado, em
tom de brincadeira.
A negociação de outras duas
medidas provisórias -do setor
elétrico e do PIS/Pasep- acabou
criando um mal-estar entre deputados petistas e o líder do governo. Estava marcada uma reunião
para as 10h de ontem para discutir
as MPs, mas os deputados se atrasaram e Madeira acabou cancelando o encontro às 10h50.
(LUIZA DAMÉ)
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