São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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Tucano diz que fará "oposição fiscalizadora"

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Gestos calculados marcaram a reaparição de José Serra após a derrota no segundo turno da eleição. O tucano evitou dar declarações públicas, reprimiu as mágoas que guardou de antigos companheiros do PSDB e definiu como "oposição fiscalizadora" o comportamento que pretende adotar em relação ao novo governo.
No almoço com Fernando Henrique Cardoso e os governadores do PSDB, na residência oficial do presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), Serra se colocou à disposição do partido. Mas não deu pistas sobre o que pretende fazer logo após deixar o Senado.
O projeto de criação de um centro de estudos está praticamente descartado. O retorno à sala de aula é a discussão na ordem do dia. Na Unicamp, universidade da qual é professor licenciado, ou no exterior. Certo é que ele pretende voltar a escrever e ser um crítico, mas sem fazer oposição "raivosa".
No reencontro de Serra com o partido, todos deixaram os punhais na entrada. Primeiro a falar, Tasso Jereissati (CE), que no primeiro turno apoiou Ciro Gomes (PPS) e tenta tirar o controle da sigla das mãos dos paulistas, disse que era preciso reconhecer a derrota e fazer oposição com grandeza.
Serra falou a seguir. Agradeceu o empenho de todos à campanha e disse compreender que cada Estado tinha uma situação diferente. Mas destacou o Pará, onde esteve uma vez durante a campanha, por apenas uma hora, e perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com uma diferença de 5%.
FHC brincou: "Mas em Alagoas você foi bem votado!". Serra emendou: "Aonde eu não fui a pedidos". Em Alagoas, PSDB e PMDB fizeram uma aliança branca com o governador Ronaldo Lessa (PSB).
O anfitrião Aécio, governador eleito de Minas, falou a seguir. Disse que Serra se comportara na campanha de "maneira digna, corajosa e grande".
Antes que alguém mais pedisse a palavra, FHC aproveitou para dizer que precisava sair. Brincou que os tucanos falam muito e por isso perdem eleições. Tasso e Serra ainda conversaram a sós por alguns minutos. Após a eleição, têm mantido relações cordiais.
Só em um momento, o ambiente não foi de descontração. Na hora da foto dos eleitos, Serra sumiu. Teotônio Vilela (AL) sugeriu que a foto fosse de todos e só aí perceberam que Serra saíra discretamente. Foi chamado e atendeu, sem deixar de demonstrar um certo constrangimento.


Colaborou LULA MARQUES, repórter-fotográfico


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