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Tucano diz que
fará "oposição
fiscalizadora"
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Gestos calculados marcaram
a reaparição de José Serra após
a derrota no segundo turno da
eleição. O tucano evitou dar declarações públicas, reprimiu as
mágoas que guardou de antigos companheiros do PSDB e
definiu como "oposição fiscalizadora" o comportamento que
pretende adotar em relação ao
novo governo.
No almoço com Fernando
Henrique Cardoso e os governadores do PSDB, na residência oficial do presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), Serra
se colocou à disposição do partido. Mas não deu pistas sobre
o que pretende fazer logo após
deixar o Senado.
O projeto de criação de um
centro de estudos está praticamente descartado. O retorno à
sala de aula é a discussão na ordem do dia. Na Unicamp, universidade da qual é professor licenciado, ou no exterior. Certo
é que ele pretende voltar a escrever e ser um crítico, mas
sem fazer oposição "raivosa".
No reencontro de Serra com
o partido, todos deixaram os
punhais na entrada. Primeiro a
falar, Tasso Jereissati (CE), que
no primeiro turno apoiou Ciro
Gomes (PPS) e tenta tirar o
controle da sigla das mãos dos
paulistas, disse que era preciso
reconhecer a derrota e fazer
oposição com grandeza.
Serra falou a seguir. Agradeceu o empenho de todos à campanha e disse compreender
que cada Estado tinha uma situação diferente. Mas destacou
o Pará, onde esteve uma vez
durante a campanha, por apenas uma hora, e perdeu para
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
com uma diferença de 5%.
FHC brincou: "Mas em Alagoas você foi bem votado!".
Serra emendou: "Aonde eu não
fui a pedidos". Em Alagoas,
PSDB e PMDB fizeram uma
aliança branca com o governador Ronaldo Lessa (PSB).
O anfitrião Aécio, governador eleito de Minas, falou a seguir. Disse que Serra se comportara na campanha de "maneira digna, corajosa e grande".
Antes que alguém mais pedisse a palavra, FHC aproveitou para dizer que precisava
sair. Brincou que os tucanos falam muito e por isso perdem
eleições. Tasso e Serra ainda
conversaram a sós por alguns
minutos. Após a eleição, têm
mantido relações cordiais.
Só em um momento, o ambiente não foi de descontração.
Na hora da foto dos eleitos, Serra sumiu. Teotônio Vilela (AL)
sugeriu que a foto fosse de todos e só aí perceberam que Serra saíra discretamente. Foi chamado e atendeu, sem deixar de
demonstrar um certo constrangimento.
Colaborou LULA MARQUES, repórter-fotográfico
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