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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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ALÉM DA ÁFRICA

Parlamentares do PMDB disputam vagas na Esplanada; Sarney e Renan querem definir eleição no Senado

Na volta, Lula enfrenta pressão por cargo

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Anunciada com grande antecedência, a reforma ministerial transformou-se num jogo de intrigas e pressões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de administrar em sua volta ao país.
No Congresso, a disputa é entre senadores e deputados do PMDB candidatos às vagas de ministro, provavelmente duas, podendo chegar a três. Mas também envolve a presidência do Senado, na qual está de olho o líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP).
Os ministros candidatos a perder o cargo se articulam para ficar. Miro Teixeira (Comunicações) submergiu, enquanto Anderson Adauto (Transportes) e Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) tentam obter o respaldo de seus partidos, respectivamente, PL e PSB. Cristovam Buarque (Educação) está sob o ataque especulativo do PT paulista.
Ciro Gomes decidiu ficar na Integração Nacional. É o ministério dos sonhos de Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB na Câmara. O governo do Ceará é alternativa nos cálculos dos dois. Eunício já ouviu falar de dossiês que estariam sendo elaborados para evitar sua ida para o ministério.
Lula encontrará um ambiente conflagrado no Senado. José Sarney (PMDB-AP) gostaria de ser reeleito presidente, cargo para o qual é candidato Renan Calheiros (PMDB-AL). Sarney gostaria de indicar Calheiros para o ministério e se livrar da concorrência.
Percebendo a manobra, Calheiros gostaria de negociar um pacote completo com Lula: a indicação dos ministros do PMDB, as eleições para as presidência da Câmara e do Senado, que só ocorrerão em 2005, e até o nome do futuro presidente do partido. Com isso, pretende matar no nascedouro uma emenda que, se for aprovada, permitirá a reeleição de Sarney, no Senado, e do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) na presidência da Câmara. A emenda já tem um relator designado, o deputado Maurício Lessa (PSB-AL), e deve ser votada logo na Comissão de Constituição e Justiça.
Além de Calheiros, a emenda deve sofrer a oposição também de Mercadante, que quer comandar o Senado. O líder do governo aposta numa saída pela qual o PT presidiria o Senado e o PMDB a Câmara, em 2005. Ficaria fechado também o caminho para a reeleição de João Paulo que, como Mercadante, é potencial candidato ao governo de São Paulo. As chances da emenda da reeleição dependem do aval que ela receber do Planalto. Por ora, o governo tem emitido sinais contraditórios.
Além de Eunício, o nome mais cotado do PMDB para o ministério é o do senador Garibaldi Alves (RN). Calheiros tenta emplacar o nome do senador Romero Jucá (RR), que tem duas desvantagens: é "cristão-novo" no PMDB, ao qual se filiou recentemente, e sofre restrições do PT, por ter sido líder do governo tucano.
A extensão da reforma não foi definida por Lula. Se depender do ministro José Dirceu (Casa Civil), ela será ampla, com a redução drástica no número de ministérios. Lula deve usar a mudança para facilitar a votação das reformas tributária e previdenciária.


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