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ALÉM DA ÁFRICA
Parlamentares do PMDB disputam vagas na Esplanada; Sarney e Renan querem definir eleição no Senado
Na volta, Lula enfrenta pressão por cargo
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Anunciada com grande antecedência, a reforma ministerial
transformou-se num jogo de intrigas e pressões que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva terá de
administrar em sua volta ao país.
No Congresso, a disputa é entre
senadores e deputados do PMDB
candidatos às vagas de ministro,
provavelmente duas, podendo
chegar a três. Mas também envolve a presidência do Senado, na
qual está de olho o líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP).
Os ministros candidatos a perder o cargo se articulam para ficar. Miro Teixeira (Comunicações) submergiu, enquanto Anderson Adauto (Transportes) e
Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) tentam obter o respaldo
de seus partidos, respectivamente, PL e PSB. Cristovam Buarque
(Educação) está sob o ataque especulativo do PT paulista.
Ciro Gomes decidiu ficar na Integração Nacional. É o ministério
dos sonhos de Eunício Oliveira
(CE), líder do PMDB na Câmara.
O governo do Ceará é alternativa
nos cálculos dos dois. Eunício já
ouviu falar de dossiês que estariam sendo elaborados para evitar
sua ida para o ministério.
Lula encontrará um ambiente
conflagrado no Senado. José Sarney (PMDB-AP) gostaria de ser
reeleito presidente, cargo para o
qual é candidato Renan Calheiros
(PMDB-AL). Sarney gostaria de
indicar Calheiros para o ministério e se livrar da concorrência.
Percebendo a manobra, Calheiros gostaria de negociar um pacote completo com Lula: a indicação
dos ministros do PMDB, as eleições para as presidência da Câmara e do Senado, que só ocorrerão em 2005, e até o nome do futuro presidente do partido. Com isso, pretende matar no nascedouro uma emenda que, se for aprovada, permitirá a reeleição de Sarney, no Senado, e do deputado
João Paulo Cunha (PT-SP) na
presidência da Câmara. A emenda já tem um relator designado, o
deputado Maurício Lessa (PSB-AL), e deve ser votada logo na Comissão de Constituição e Justiça.
Além de Calheiros, a emenda
deve sofrer a oposição também de
Mercadante, que quer comandar
o Senado. O líder do governo
aposta numa saída pela qual o PT
presidiria o Senado e o PMDB a
Câmara, em 2005. Ficaria fechado
também o caminho para a reeleição de João Paulo que, como Mercadante, é potencial candidato ao
governo de São Paulo. As chances
da emenda da reeleição dependem do aval que ela receber do
Planalto. Por ora, o governo tem
emitido sinais contraditórios.
Além de Eunício, o nome mais
cotado do PMDB para o ministério é o do senador Garibaldi Alves
(RN). Calheiros tenta emplacar o
nome do senador Romero Jucá
(RR), que tem duas desvantagens:
é "cristão-novo" no PMDB, ao
qual se filiou recentemente, e sofre restrições do PT, por ter sido
líder do governo tucano.
A extensão da reforma não foi
definida por Lula. Se depender do
ministro José Dirceu (Casa Civil),
ela será ampla, com a redução
drástica no número de ministérios. Lula deve usar a mudança
para facilitar a votação das reformas tributária e previdenciária.
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