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Assembléia paralisa votações para exigir verbas de Lembo
"Rebelião" foi causada por anúncio de arrecadação acima das previsões com anistia fiscal
Cada parlamentar quer liberação de R$ 1 milhão
para atender a emendas; o próprio governador revelou existência de receita extra
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de deputados da
Assembléia Legislativa de São
Paulo anunciou ontem o trancamento, por tempo indeterminado, da pauta de votação
como forma de pressionar o governador Cláudio Lembo
(PFL) a liberar recursos para as
emendas pontuais.
Os deputados querem a liberação de R$ 1 milhão por parlamentar para atender às emendas apresentadas por eles próprios ao Orçamento de 2006.
Essa reação dos parlamentares foi provocada pelo próprio
governador Lembo ao anunciar, em entrevista à Folha,
uma arrecadação superior a
R$ 1 bilhão com o programa de
redução de juros e multas do
ICMS -cerca de R$ 500 milhões acima da previsão.
A revolta dos parlamentares
ocorre porque até agora o governo não liberou recursos para grande parte das emendas
sob a alegação de falta de verbas devido à frustração de receitas do ICMS e à diminuição
de repasses pelo governo federal. Agora, com o anúncio feito
por Lembo, não há mais justificativas, dizem.
O aviso do trancamento da
pauta foi feito na tarde de ontem no colégio de líderes da Assembléia, que se reuniu para
discutir a votação de projetos,
entre eles a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
As votações na Assembléia
paulista só ocorrem após um
consenso entre os líderes dos
partidos, já que a obstrução de
projetos pode ser feita por um
único deputado.
Outro projeto que aguarda
votação, em regime de urgência, é uma extensão do programa de anistia do ICMS de Lembo. O benefício deve se estender para as multas feitas em fiscalizações. Esse item fazia parte do primeiro pacote de benesses, mas foi vetado porque o
prazo dado para a quitação dos
débitos era muito curto.
O grupo que pressiona o governador é encabeçado pelo líder do PV, Ricardo Castilho, e
tem o apoio da maioria dos 50
deputados não reeleitos. "Não
vamos aprovar mais nada enquanto não pagarem", afirmou.
Logo após a reunião de ontem, o líder do governo, Edson
Aparecido (PSDB), ligou para o
Palácio dos Bandeirantes para
comunicar a revolta dos parlamentares. Uma nova reunião
dos líderes deve ocorrer hoje.
"O governo vai liberar. Vai
ser um pouco menos, mas vai
pagar", afirmou o tucano.
Segundo Castilho, os deputados estão cansados de promessas e só vão liberar a pauta com
medidas concretas. Ainda segundo ele, até a votação do programa de redução de multas e
juros do ICMS, que arrecadou
mais de R$ 1 bilhão, ocorreu
após a promessa do governo de
que parte desse recursos seria
utilizada para o pagamento das
emendas. "Não vamos passar
por palhaços." A apresentação
de emendas pontuais, no valor
total de R$ 2 milhões, foi autorizada pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
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