São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aécio "não disse a que veio", diz cúpula do PT

Em reunião, petistas reagem a críticas de governador tucano, que havia dito que o governo Lula pôs "a ética debaixo do tapete"

Para Ricardo Berzoini, Aécio precisa afinar seu discurso; Marco Aurélio Garcia afirma que ele deve tomar cuidado para não ser "eletrocutado"

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PT reagiu ontem, durante reunião do Diretório Nacional, a críticas feitas pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), ao governo Lula. O vice-presidente do PT e assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o mineiro precisa tomar cuidado com "fios desencapados" e também atacou o tucano Geraldo Alckmin, dizendo que o "picolé derreteu".
"O governador [Aécio] não disse a que veio. Ele acha que os problemas do país se resolvem com choque de gestão. Ele está repetindo com mais charme o que o Alckmin fez, até porque com menos [charme] seria impossível. E o Alckmin, quando foi confrontado com uma campanha substantiva, acabou. Ele [Aécio] tem de tomar cuidado com fios desencapados para não acabar sendo eletrocutado", disse o assessor de Lula.
Garcia rebateu as declarações feitas por Aécio durante visita ao Congresso nesta semana, quando disse que o governo "tinha colocado a ética debaixo do tapete" e que "seria perverso para o Brasil mais quatro anos disso que está aí".
Já o presidente nacional da sigla, deputado Ricardo Berzoini, disse que as críticas de Aécio "foram nitidamente direcionadas para o público interno" tucano, já que quem defendeu uma aproximação com o PT nas eleições deste ano foi o governador. "Não queremos uma aproximação com o desemprego, com o FHC, ele [Aécio] sim. O governador precisa afinar melhor o seu discurso", disse.
Com a antecipação da disputa pela sucessão presidencial por parte de Aécio, integrantes do Diretório Nacional do PT defenderam que o partido também deva começar, o mais rápido possível, a discutir oficialmente o cenário de 2010 com outras siglas. O candidato, no entanto, só deve ser anunciado em fevereiro de 2010, durante congresso nacional do partido. Ontem, o único nome mencionado durante o encontro foi o de Dilma Rousseff (Casa Civil).
Durante uma análise das eleições, o PT também concluiu que terá de rever o tratamento dado aos eleitores da classe média e à militância jovem. A sigla quer ainda uma mudança comportamental para evitar o sentimento anti-PT que tomou conta principalmente de São Paulo e Porto Alegre. Uma das alternativas, disse o prefeito de Recife, João Paulo, é mudar a relação com a imprensa. A decisão prática tomada ontem foi a de manter as eleições internas do partido para 22 de novembro de 2009.


Texto Anterior: Toque de Midas: Justiça aceita denúncia contra ex-diretor da PF
Próximo Texto: Rumo a 2010: Após convite de PMDB, Aécio diz que está "muito bem" no PSDB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.