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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO RIBEIRÃO
Em novembro, assessoria do ministro havia negado viagens em aeronave de empresário
Dono de avião confirma à CPI carona de Palocci, já ministro
Alan Marques/Folha Imagem
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O empresário Roberto Colnaghi, que cedeu avião a petistas, durante depoimento na CPI dos Bingos |
SILVIO NAVARRO
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dono do avião que supostamente transportou dólares de Cuba para caixa dois do PT, o empresário Roberto Colnaghi disse
ontem à CPI dos Bingos que deu
carona em uma de suas aeronaves, por duas vezes, para o já ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), sendo uma delas na companhia do ex-presidente do PT
José Genoino.
Uma terceira vez foi em 2002,
quando Palocci trabalhava na
campanha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Em novembro, após reportagem da Folha, a assessoria de Palocci negou que ele tivesse viajado
no avião de Colnaghi após ter assumido o ministério. Ontem, a assessoria não respondeu aos pedidos de informações feitos pela reportagem.
O depoimento de ontem colocou combustível na polêmica em
torno da convocação do ministro
para falar à CPI sobre denúncias
de corrupção em Ribeirão Preto
(leia texto na página A6). "O ministro tem uma explicação a dar
sobre esse vôo", disse o presidente
da CPI, Efraim Morais (PFL-PB).
Banco
Em outro momento do depoimento, Colnaghi, que exporta
produtos para Angola, também
disse ter atuado para aproximar
dirigentes do Banco Regional do
Keve, no país africano, a Ralf Barquete e Vladimir Poleto, ambos
ex-assessores de Palocci em Ribeirão e na época consultores do
banco Prosper. Segundo o advogado Rogério Buratti, outro ex-assessor de Palocci, Barquete e
Poleto tentaram intermediar, em
2002, a venda de um banco brasileiro a empresários angolanos. A
operação não foi concretizada.
Barquete, morto em 2004, e Poleto também foram citados no
episódio do suposto carregamento de dólares cubanos para abastecer o caixa dois petista. O dinheiro teria chegado a Campinas
no avião de Colnaghi escondido
em caixas de bebida.
Colnaghi chegou a fazer ironia
sobre o tema, dizendo que "foi esse o avião do problema", referindo-se ao Sêneca de sua propriedade, que, segundo a revista "Veja",
teria carregado o dinheiro.
Ontem, Colnaghi negou saber
do transporte do dinheiro e disse
que cedeu a aeronave para Poleto
a pedido de Barquete. "Eu não sabia dessa situação. O que foi solicitado era uma viagem de um passageiro de Brasília para São Paulo.
Estava a mil quilômetros dessa situação. Apenas cedi por solicitação de um amigo."
Avião do empresário também
transportou, segundo ele, outros
petistas durante a campanha eleitoral de 2002, entre os quais o deputado cassado José Dirceu (SP).
No total, conforme relato do empresário à CPI, seu avião foi usado
"em cinco ou seis" viagens no decorrer da campanha, geralmente
a pedido de Barquete.
Ao comentar as viagens de petistas, o presidente da comissão
ironizou: "Quem viaja cinco ou
seis vezes passa a ser freguês de
vôo com empresário".
Colnaghi disse que conhecia
Barquete de sua cidade natal, Penápolis (SP), e que foi ele quem o
apresentou a Rogério Buratti, a
Poleto e até a Palocci.
O vôo do ministro
Ao responder a uma pergunta
do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre os vôos feitos por petistas em seu avião, Colnaghi relatou
ter viajado de Brasília a Ribeirão
com Palocci, quando já era ministro, e Genoino.
Segundo o empresário, Palocci
e Genoino desceram em Ribeirão,
"resolveram as coisas deles" e foram levados de volta a Brasília na
aeronave de Colnaghi, que só depois disso seguiu para seu destino
-Penápolis.
"Estive com o ministro Palocci
em alguns vôos na campanha e
quando ele foi ministro por duas
vezes. Nos conhecemos por volta
de outubro de 2002, ele já não era
prefeito", disse Colnaghi.
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