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Ex-assessor de ministro foi conselheiro fiscal da Funcef
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ralf Barquete Santos, ex-assessor de Antonio Palocci Filho
(atual ministro da Fazenda) em
Ribeirão Preto, foi um dos conselheiros fiscais do Funcef, fundo de
pensão dos funcionários da Caixa
Econômica Federal.
A Funcef é um dos 14 fundos de
pensão investigados pela CPI dos
Correios por supostas operações
irregulares no mercado financeiro que provocaram prejuízos, entre 2000 e 2005, de R$ 779 milhões. A suspeita é que esses recursos foram "desviados" com
fins políticos. Só o fundo da CEF
perdeu R$ 50 milhões, segundo
relatório da CPI, a quarta maior
perda entre os fundos.
Barquete foi nomeado como
conselheiro do fundo em abril de
2003, indicado pela CEF, e permaneceu no cargo até junho de 2004,
quando morreu de câncer. Ele era
assessor especial da presidência
da Caixa.
No total, segundo a Funcef, os
quatro conselheiros fiscais (dois
eleitos e dois indicados pela Caixa) têm a função, entre outras, de
fiscalizar as operações lesivas aos
cofres do fundo -atualmente
com R$ 20 bilhões.
Barquete foi secretário da Fazenda durante a gestão de Palocci
na Prefeitura de Ribeirão Preto.
No mesmo período em que foi
indicado para a Funcef e para assessoria da presidência da CEF,
Ralf foi condenado em primeira
instância pela Justiça Estadual por
suposto desvio de verbas do sistema previdenciário da Prefeitura
de Matão. O desvio teria ocorrido
na administração do petista
Adauto Scardoelli (1997-2000).
Ainda em 2003, a Câmara, a Polícia Civil e o Ministério Público
Estadual de Ribeirão iniciaram
uma investigação de suposto desvio de verbas no pagamento de
indenizações a ex-proprietários
de linhas telefônicas da Ceterp
(Centrais Telefônicas de Ribeirão
Preto) na administração Palocci.
A CPI da Câmara concluiu que
desapareceram cerca de R$ 24 milhões destinados ao pagamento
das indenizações.
Como secretário da Fazenda,
era de Barquete a responsabilidade pelos pagamentos.
Nessa investigação também
aparece Vladimir Poleto, que era
assessor de Barquete na Fazenda.
Poleto é o mesmo que foi apontado como responsável pelo transporte de dólares supostamente
vindos de Cuba para o PT na campanha de 2002, segundo a denúncia da revista "Veja". Parte dessa
história foi confirmada pelo advogado Rogério Tadeu Buratti,
ex-secretário de Governo de Palocci em Ribeirão (1993-1994).
Mesmo trabalhando na CEF como assessor da Presidência e como conselheiro fiscal do fundo de
pensão, o ex-secretário da Fazenda de Palocci ainda deu consultoria por dois meses ao banco Prosper. Outro consultor foi Poleto.
O Prosper teve aumento de
1.043% nos repasses de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre 2001 e 2004.
De R$ 1,471 milhão, em 2001, os
repasses saltaram para R$ 16,822
milhões, no ano passado.
Barquete também seria, segundo Buratti disse à polícia e à CPI, o
responsável pela captação de
R$ 1 milhão dos bingos de São
Paulo que teriam ido para a campanha presidencial do PT.
O diretor de Controladoria da
Funcef, Carlos Alberto Caser, disse desconhecer eventuais prejuízos apontados pelo relatório da
CPI, que considera "absurdo". Ele
disse não dar, porém, um "cheque
em branco" à conduta de Barquete quando permaneceu no órgão.
A CEF não respondeu os questionamentos enviados pela Folha até
o fechamento desta edição.
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