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Firmas suspeitas movimentaram R$ 200 mi
Procuradoria investiga duas empresas supostamente ligadas a Abel Pereira, acusado de integrar a máfia dos sanguessugas
Operações suspeitas foram descobertas pelo Coaf; documentos em poder do Ministério Público indicam lavagem de dinheiro em MG
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Apontadas pelo chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, como empresas
usadas no pagamento de propina ao empresário Abel Pereira,
a Datamicro Informática e a
Império Representações Turísticas, de Governador Valadares
e Ipatinga, em Minas Gerais,
movimentaram mais de R$ 200
milhões de agosto de 2001 a novembro de 2003.
As operações indicam lavagem de dinheiro, segundo documentos em poder do Ministério Público Federal em Minas
Gerais. As movimentações suspeitas foram relatadas pelo
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras).
Vedoin diz que, em troca de
propina, Abel Pereira conseguiu liberar em 2002 de
R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões
em verbas -destinadas ao esquema dos sanguessugas- durante a gestão do então ministro da Saúde, Barjas Negri
(PSDB), atual prefeito de Piracicaba, interior de São Paulo.
Empresário de Piracicaba,
Abel nega ter relação com a Datamicro e a Império. Afirma
que pediu e obteve em 2002 a
liberação de R$ 650 mil para a
construção de um hospital em
Jaciara (MT), mas nunca recebeu propina da máfia dos sanguessugas. As empresas receberam depósitos de Vedoin,
respectivamente, nos valores
de R$ 70 mil e R$ 60 mil em dezembro de 2002.
O chefe dos sanguessugas diz
que depositou o dinheiro a pedido do empresário.
Operação suspeita
Pela conta da Datamicro passaram R$ 51,4 milhões, de 31 de
agosto de 2001 a 27 de outubro
de 2003. Do total, cerca de
R$ 30 milhões foram movimentados em 2003.
O Coaf comunicou a operação suspeita ao Ministério Público Federal em Minas Gerais
em março de 2004.
No endereço indicado como
sendo o da Datamicro funciona
outra empresa de informática
em Governador Valadares.
Conforme o Coaf, a movimentação "atípica" de dinheiro
na Império Representações foi
realizada pelo empresário Genuíno Rocha Netto, de 19 de
novembro de 2001 a 27 de novembro de 2003, e ultrapassa o
valor de R$ 150 milhões.
A empresa foi aberta em nome de um laranja que aparece
como dono de 95% das ações.
Netto não aparece como sócio,
mas movimentava dinheiro na
Império, segundo o Coaf.
Movimentações dessa empresa ocorreram nas agências
do Banco do Brasil em Ipatinga,
Cacoal (RO), Cuiabá (MT),
Goiânia (GO) e Morretes (PR),
além da agência do ABN Amro
e da Caixa Econômica Federal
em Ipatinga.
A suposta participação de
Abel Pereira no esquema dos
sanguessugas é investigada pela PF. O delegado Diógenes Curado Filho disse que ainda espera documentos, a ser enviados por bancos, sobre a movimentação bancária de Abel e
das empresas. Curado preside
as investigações no inquérito
sobre o dossiê contra tucanos.
Expedito Veloso, o ex-funcionário da campanha de reeleição de Luiz Inácio Lula da
Silva, que, segundo a PF, negociou a compra do dossiê, disse
em depoimento que o material
contra tucanos oferecido por
Vedoin consistia justamente
das acusações contra Abel.
Seria uma tentativa de afetar
a campanha do ex-ministro da
Saúde José Serra (PSDB) ao governo de São Paulo, sugerindo
que o tucano teria beneficiado
sanguessugas. Veloso disse à
CPI dos Sanguessugas que a
Datamicro e a Império foram
usadas para saldar dívida de
campanha de Serra. Em resposta, o governador eleito chamou Veloso de delinqüente.
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